Esta semana, no RioMar, abriu as portas mais uma novidade gastronômica neste shopping, cujas operações de alimentação têm rendido bastante assunto. Desta vez, estreia entre nós, pernambucanos, como projeto-piloto para o resto do Brasil, o Mercado do Peixe, criação da dupla Fernando Torres/Liberato Pereira em sociedade com os empresários Carolina Moury Fernandes e Maurício Carvalho.
Esta é uma equipe azeitada que, em vez de fazer parte do segmento que busca franquias às quais vincular seus nomes, se especializou em criar e formatar marcas para exportação. Pertencem a eles: Mercado 153 e Couvert, presentes em cidades como Salvador, Aracaju, Belém e Brasília, além de Fortaleza, Natal e São Luiz. Para esta parceria, aliás, os empresários, que aparentemente vão pela máxima de que em time que está ganhando não se mexe, convocaram ainda dois nomes recorrentes na identidade do negócio: o arquiteto Romero Duarte, a quem devemos as soluções arquitetônicas, e o artista plástico Ferreira, que tem dotado as casas de pequenas obras de arte (prestem atenção na luminária que lembra samburás).
A ideia inicial, conta Fernando Torres, era abrir mais uma unidade do Mercado 153, a primeira da Zona Sul, uma vez que a operação já existe nos shoppings Tacaruna e Plaza Casa Forte. “Mas o RioMar pedia novidades, por isso pensamos num diferencial e ele surgiu sob o nome de Mercado do Peixe”, explica Fernando Torres.
Isso significa que os sócios utilizaram o modelo bem-sucedido do Mercado 153 – nominalmente técnica de alto nível aplicada a insumos de igual qualidade, mais preço acessível –, mas fecharam o foco em pescados, coisas que vêm da água.
Ao agir assim, o time pode ter, realmente, mirado num nicho que está bem desocupado por aqui. O Recife é pródigo em restaurantes que servem de tudo, inclusive pescados, mas não é tão fornido assim com aqueles que praticamente só servem esta especialidade. Para se distanciar ainda mais da concorrência, a ideia é enfatizar não apenas o frescor do ingrediente in natura, mas também na sua forma de preparo. Traduzindo: as frituras dão lugar aos grelhados e assados no forno, os pesados molhos com dendê e coco são repostos por concepções mais leves, mais mediterrâneas, os legumes e verduras são valorizados como acompanhamentos.
O capítulo de entradas e petiscos é bem extenso, com mais de 20 opções, que podem ser usadas como mix de pratos principais, se os comensais assim decidirem, criando uma sequência bem interessante para ser compartilhada. Exemplo: carpaccio de lagosta e polvo (R$ 23), travessa de sardinhas cozidas no vapor, marinadas no azeite, limão siciliano, alho e pimentões, servidas com torradinhas (R$ 19), pasteizinhos recheados de carne-seca, feijão-preto, couve e molho de pimenta à parte (só pra quebrar a rotina R$ 13) e Caçarola do Mar à Provençal (camarões, polvo, vieiras, lulas, vôngoles, ervas frescas, tomates e azeitonas portuguesas servidos com pães e torradas, R$ 34).
Ao longo de todo o menu, o chef Liberato Pereira procurou garimpar exemplares de rio e de mar que ou estão ficando cada vez mais difíceis de encontrar (camurim, sirigado e beijupirá) ou de tal modo associados a regiões específicas do Brasil que são praticamente desconhecidos entre nós, nordestinos. É o caso do porquinho, um peixinho miúdo do litoral paulista que é servido crocante, com limão alho e salsa.
O Mercado do Peixe manteve um capítulo que tem obtido muito êxito com a clientela do Mercado 153, que é aquele dedicado às massas e aos risotos. Só que, aqui, ele azeita a criatividade para fazer variações sobre o tema pescados.
Arroz italiano salteado em azeite, lascas de bacalhau, filé de tomate, caldo de peixe, azeitona, ovo e palmito (R$ 29), nhoque de espinafre e ricota ao molho de salmão fresco defumado com queijo Catupiry (R$ 30) e Massa fina italiana salteada no azeite oliva, alho, vôngoles, patola de caranguejo e minitomate (R$ 33) são três bons exemplos desta vertente. Desnecessário dizer que comparecem no menu as já consagradas receitas de bacalhau e de camarão, clássicos da marca.