Não havia internet, celular nem GPS. Naquela pequena embarcação, para calcular a localização aproximada em alto-mar havia apenas um rudimentar sextante. Previsões meteorológicas precisas não havia, tudo o que o navegador solitário tinha era um barômetro para indicar uma tormenta. Naquele tempo, o Brasil encerrava o ciclo sombrio dos governos militares e era ainda mais burocrático do que hoje.
Foi nesse contexto improvável que o economista e navegador amador Amyr Klink lançou-se num desafio até hoje nunca repetido: atravessar o Atlântico Sul num barco sem vela nem motor, movido apenas pelas correntes marinhas e pela força de remos. No próximo dia 18, completam-se 30 anos que ele desembarcou na costa da Bahia, vindo da Namíbia, na África, após Cem dias entre céu e mar, nome do inspirado e inspirador livro que ele passou quase um ano escrevendo e virou febre literária no Brasil em 1985 - por 31 semanas seguidas esteve na lista dos dez mais vendidos de não ficção. O aniversário está sendo comemorado com uma série de eventos, em São Paulo, onde o navegador, atualmente com 59 anos, mora com a família.