Há pouco mais de um ano, em maio de 2014, Julia Konrad debutava na então recém-lançada trama das sete da TV Globo, Geração Brasil. Na sua estreia televisiva, vivia Jana, uma pernambucana que comandava o vocal na banda Navegabeat e dividia a cena com outros dois estreantes em telenovelas: Johnny Hooker e Samuel Vieira, que, assim como ela, são recifenses. Estes dois, pelos trabalhos que já desenvolviam na cena local da música, eram rostos bem conhecidos na cidade. Julia, ainda não.
Tudo porque, ainda criança, Julia e a família foram viver na Argentina. De Buenos Aires, após concluir os estudos, migrou para Nova Iorque, onde estudou atuação, canto e dança. Só foi em novembro de 2013 que ela voltou ao Brasil e se reinstalou no Recife. Nesse regresso, fez um teste para o cadastro de atores na Globo, que, justo naquele momento, procurava uma atriz para viver a pernambucana Jana - e em dezembro do mesmo ano ela já estava confirmada no elenco da trama. Agora, depois de uma passagem por Sete Vidas (ela fez uma ponta como a modelo Valentina), Julia vive Ciça, em Malhação, na temporada em que o programa completa 20 anos ocupando a faixa do fim de tarde da emissora carioca. Responsável por dar visibilidade a atores e revelar novos talentos, Julia comemora a oportunidade, vivendo, como ela explica, seu personagem mais denso em sua curta carreira.
"Acho que a principal diferença de Cecília para as minhas outras personagens é a profundidade dos temas que ela aborda e vive. Agora, na segunda semana de novela, ela já lidou com a morte do namorado, o abandono do pai e os obstáculos na carreira. Acredito que tudo isso, acrescentando à personalidade marcante dela, a torna muito mais complexa que as outras", conta, em entrevista por e-mail, a namorada do ator Caio Paduan - que vive Afonso na atual novela das seis, Além do Tempo, e estreou na novela adolescente.
Sobre o futuro da personagem, que, a julgar pela duração das temporadas de Malhação, deve ficar um ano no ar, ela pouco adianta. "O que posso adiantar é que Cecília vai dar muito o que falar..."
Desde o ano passado, então, as visitas de Julia ao Recife, por conta do volume de trabalho, rarearam, mas seu retorno ao País, como ela explica, foi uma forma de restabelecer contato com a cidade onde nasceu e onde vivem vários familiares. "Me instalei aí seis meses antes de começar a gravar Geração Brasil, no Rio. Esse tempo na cidade foi essencial para mim, me deu a oportunidade de me reconectar com as minhas raízes. Mesmo tendo crescido em outro país, Recife é meu lar. Amo e sempre que posso vou visitar", conta.
Agora, com três novelas no currículo, ela explica que não tinha como propósito trabalhar exclusivamente na TV. "Meu foco sempre foi trabalhar como atriz, independente da linguagem. Há dois anos e meio estava me formando em teatro musical, em Nova Iorque, e, imediatamente após formada, já estava filmando meu primeiro trabalho, um longa metragem chamado Allure, filmado em NY", diz. "Depois de voltar ao Brasil, a primeira oportunidade que surgiu foi na Rede Globo, e, graças a Deus, um trabalho foi levando a outro. Estou muito feliz trabalhando na televisão, acho que é um lugar interessante para meu crescimento como atriz no momento, mas tenho vontade de explorar o teatro e o cinema."
Samuel Vieira, ex-integrante da banda Mombojó, e que vivia Igor, o par romântico de Julia na sua primeira telenovela, elogia a ex-colega de cena. "Ela é muito companheira. Uma atriz determinada e talentosa. Além de cozinhar superbem e ser uma fofa", relata.
RECIFE
"Adoro a Zona Norte da cidade, com bairros como Poço da Panela, com suas casas e ruas de paralelepípedos. Em uma cidade com tantos prédios, acho importante a preservação de bairros tradicionais. Mas, independente do local, estar em família é sempre especial", conta a atriz, que, novamente, interpreta uma cantora na TV - e contracena com o cantor sertanejo Lucas Lucco, iniciando na teledramaturgia como Uodson, par romântico de Ciça.
Ano passado, Julia, em parceria com DJ Dolores, fez uma releitura de Para Um Amor no Recife, de Paulinho da Viola, que entrou na trilha de Geração Brasil, que tinha a capital pernambucana como um de seus cenários - em uma das raras vezes que o Nordeste brasileiro foi retratado na televisão sem exotismos. "Recife, além de ser meu berço, foi o local da minha primeira gravação para a televisão. Poder gravar na minha cidade natal, depois de tanto tempo fora, foi um presente", explica.
Atenta às produções audiovisuais que têm colocado o Estado como uma referência na sétima arte nacional, Julia espera uma oportunidade de aparecer na tela grande através das lentes dos cineastas locais. "O diretor Guel Arraes é uma referência não só do cinema pernambucano, mas também do cinema nacional. Marcelo Gomes, Hilton Lacerda e Kleber Mendonça Filho também são grandes artistas do cinema pernambucano. Estou aceitando convites, rs! Seria uma honra trabalhar com qualquer um deles", finaliza.