CNPq atesta competência de Nicolelis como gestor de INCT

Gestão do neurocientista foi criticada por ex-integrantes do instituto
da Agência Estado
Publicado em 28/02/2013 às 14:13


O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) informou que fez uma avaliação do instituto federal coordenado pelo neurocientista Miguel Nicolelis em Natal e que não encontrou problemas na condução do projeto, criticado publicamente por alguns ex-integrantes no últimos dias.

Em respostas enviadas ao jornal O Estado de S. Paulo na noite de terça-feira (26), o CNPq afirma que uma visita técnica foi feita em maio de 2012 às dependências do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Interface Cérebro Máquina (INCT - Incemaq), por uma comissão de consultores indicados pelo Comitê de Coordenação do Programa INCT. E que essa comissão concluiu: “Pelo que nos foi mostrado e pelas entrevistas que fizemos in loco, julgamos que o Incemaq está cumprindo seus objetivos iniciais e deve continuar a ser apoiado. O INCT Cérebro-Máquina atende plenamente os objetivos propostos para os INCTs e recomendamos que o seu apoio seja rapidamente reativado ad referendum da comissão nacional”.

O Incemaq é um dos 126 INCTs em funcionamento no País. O instituto recebeu R$ 2,5 milhões do CNPq para os primeiros três anos e vai receber mais R$ 2,1 milhões para os próximos dois. O projeto tem como sede o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), que é gerido pela Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (Aasdap), uma organização social de interesse público presidida por Nicolelis.

Os novos recursos se somarão a outros R$ 33 milhões que a Aasdap vai receber do governo federal para o projeto Andar de Novo, que promete colocar um jovem paraplégico brasileiro para dar o chute inicial da Copa do Mundo, usando uma veste robótica controlada pelo cérebro.

No fim de semana, sete ex-membros do Comitê Gestor do Incemaq divulgaram uma carta na qual acusam Nicolelis de agir “exclusivamente em proveito próprio” na condução do instituto. O documento é assinado por Antonio Carlos Roque da Silva Filho (USP-Ribeirão Preto), Claudia Vargas (UFRJ), Dráulio Barros de Araújo (UFRN), Márcio Moraes (UFMG), Mauro Copelli da Silva (UFPE), Reynaldo Pinto (USP-São Carlos) e Sidarta Ribeiro (UFRN).

Em outubro de 2011, alguns deles e outros integrantes do Incemaq enviaram uma carta à presidência do CNPq, pedindo que Nicolelis fosse substituído na coordenação pelo então vice-coordenador, Manoel Jacobsen Teixeira, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os sete afirmam que não foram consultados em nenhum momento pelo CNPq e que, em julho de 2012 (dois meses após a vistoria técnica), receberam um e-mail de Nicolelis desligando-os do Incemaq.

O bioquímico Walter Colli, da USP, que foi um dos avaliadores enviados a Natal, disse que talvez seja necessária uma nova vistoria. “Minha opinião é que o CNPq deveria enviar uma outra comissão agora”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

Composição

O CNPq informou também a nova composição do comitê gestor do Incemaq, formado por cinco cientistas. Quatro são do próprio IINN-ELS: Rômulo Fuentes, Edgar Morya, Hougelle Pereira e o próprio Nicolelis. O único integrante de fora de Natal é Jacobsen, da USP. Ele disse ao Estado que não participa ativamente do instituto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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