O presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, afirmou que "não existe negociação formal" a respeito de uma possível fusão com a Oi, em meio a relatos de que as duas empresas poderiam unir suas operações com intermediação do fundo LetterOne (L1), do bilionário russo Mikhail Fridman. Contudo, o executivo ressaltou que o cenário brasileiro apresenta condições para uma consolidação da qual a TIM pode participar de maneira ativa.
"Há um questionamento sobre o que pode acontecer com a estrutura brasileira de telecomunicações nos próximos meses. Existe possibilidade de algo acontecer? Seria ingenuidade mencionar que não. É óbvio que existe, pois há uma assimetria na situação financeira das empresas e uma necessidade de ganho de escala em operações como telefonia móvel e televisão por assinatura", afirmou o executivo.
Entre outros fatores que podem levar a uma consolidação, Rodrigo Abreu disse ainda que existem empresas hoje que "possuem uma escala insustentável do ponto de vista operacional no curto prazo e têm uma visão muito clara de que a consolidação é um caminho de resolução". Os rumores sobre uma consolidação ganharam força nos últimos dias por conta também da situação financeira da Oi, que está altamente endividada e contratou o BTG no ano passado para buscar soluções para o negócio da operadora.
A TIM não descarta participar de uma possível consolidação, mas o executivo ressaltou que, em primeiro lugar, a empresa está concentrada em aplicar um plano de crescimento independente. "Como já havíamos dito há dois anos, nossa intenção é não estar sentado na janela do passageiro esperando para ver o que acontece e quem vai nos levar. Nossa postura é participar, primeiro, com um plano muito bem definido que nos coloca sempre numa posição privilegiada sob qualquer tipo de hipótese e, segundo, fazer as análises de oportunidades", afirmou.
Rodrigo Abreu lembrou que, no ano passado, foram feitas algumas análises e percebeu-se que uma iniciativa para consolidação não fazia sentido naquele momento. "Mas o mundo é como um filme, não é porque se pintou um quadro lá atrás que isso precisa ser mantido", acrescentou.
Entre os focos internos, a TIM tem se concentrado em criar infraestrutura para ampliar sua cobertura de 4G. "O plano da TIM independe de movimento de consolidação. Seriamos até imprudentes se fizéssemos planos estratégicos de três ou quatro anos que dependessem de consolidação. Isso seria no mínimo muito arriscado. É por isso que temos um plano de investimento e estamos pensando na possibilidade de crescimento de longo prazo, para além das dificuldades de 2015 e 2016", afirmou.
2015
Rodrigo Abreu acredita que o ano de 2016 será difícil, mas melhor do que 2015. Entre os fatores que pesaram no setor ao longo deste ano, o executivo destacou o aumento da inflação, que elevou custos das empresas e direcionou a retração no consumo. No entanto, em 2016, a perspectiva é de que a inflação perca força.
"Do lado dos custos, há vários indexados a inflação, como energia elétrica e o componente salarial. E, do outro lado, com uma inflação que pula a quase 10%, há uma retração de consumo, o que acaba impactando a possibilidade de crescimento de receita", afirmou. Para 2016, há uma expectativa de que a inflação perca força, por ajustes estruturais e pela retração da economia. "Com a redução da inflação, há um impacto positivo nos custos e na possibilidade de receita. Mas será um ano ainda difícil", disse
"É uma conjuntura difícil que se associa a um momento de indústria no qual as receitas de voz caem e a de dados continua subindo. Enquanto não houver equilíbrio entre as duas receitas, naturalmente há um maior período de dificuldade nas receitas totais", acrescentou.
O presidente da TIM ressaltou que o setor deve atingir esse equilíbrio entre voz e dados já em 2016, embora as empresas se encontrem em momentos diferentes dessa transição. "A receita de dados continua crescendo numa velocidade muito acelerada, independente de crise", afirmou. "Nós, da TIM, estamos com 40% da participação de dados na receita", um pouco atrás da Vivo, que já atinge quase 50%, acrescentou o executivo.
Apesar da desvalorização do real, o executivo minimizou o efeito do câmbio nas operações, por conta do uso de ferramentas de hedge que podem mitigar esse efeito.
Ele também disse que a inadimplência na empresa continua controlada, apesar de uma flutuação para cima nos últimos trimestres. "Isso é muito controlado por conta do nosso modelo de negócios. Temos pouco subsídio, muita utilização de cartão de crédito e participação de pré-pago maior", afirmou. "Quando há uma conta muito alta, atrelada ao pagamento de um aparelho e não somente o serviço, o impacto é maior", explicou.
Questionado sobre uma possível alta na despesa financeira, por conta do aumento de juros no País, Rodrigo Abreu disse que a gestão é conservadora e que a empresa tem um índice de endividamento líquido de cerca de 0,5 vez o Ebitda, "um dos menores do setor, o que dá uma flexibilidade financeira bastante considerável". Além disso, o executivo disse que não existe hoje uma necessidade de captação de recursos. "Não é o momento positivo para captação, frente uma série de elevações de taxas locais e no estrangeiro", acrescentou.