Entra em vigor o veto do Reino Unido e EUA de laptops nos aviões

Medida contra laptops entrou em vigor neste sábado (25), mas afeta apenas alguns países, como Egito e Turquia
AFP
Publicado em 25/03/2017 às 9:25
Medida contra laptops entrou em vigor neste sábado (25), mas afeta apenas alguns países, como Egito e Turquia Foto: AFP


A proibição de laptops e tablets nos aviões imposta por Estados Unidos e Reino Unido para alguns voos procedentes de países árabes e da Turquia entrou em vigor neste sábado (25), para insatisfação dos executivos e de alguns pais. "Compreendo os aspectos de segurança", disse à AFP Debbi Corfield, uma britânica que estava no aeroporto de Doha, Catar, um dos locais afetados pelo veto americano. "Mas o problema vai acontecer quando eu precisar trabalhar a bordo, já que meu tempo de trabalho será reduzido", completou a consultora de uma empresa americana do setor médico. Corfield viaja ao menos três vezes ao ano para os Estados Unidos a trabalho. Ela disse que sua empresa e muitos colegas serão afetados pela medida. 

No aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do mundo, os funcionários da companhia nacional Emirate explicavam aos passageiros a proibição e apresenta "as atividades de lazer" previstas depois do check-in. O veto entra em vigor, neste aeroporto e em outros do Golfo, em um fim de semana intenso, com a expectativa de 1,1 milhão de passageiros entre sexta-feira e domingo.

Pais decepcionados

Neste aeroporto que recebe o maior número de passageiros internacionais do planeta, alguns pais não escondiam a decepção. "Tenho dois filhos e estão sempre com um Ipad na mão", lamenta Samuel Porter, que viajava com a família. As autoridades americanas proibiram o transporte de laptops e tablets nos voos de nove companhias aéreas procedentes de 10 aeroportos internacionais de países árabes e da Turquia, alegando o risco de atentado.

Os oito países com empresas e aeroportos afetados são todos aliados ou sócios dos Estados Unidos: Turquia, Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Emirados Árabes Unidos e Marrocos. Washington não anunciou a duração da medida, mas a companhia aérea Emirates, com sede em Dubai, informou à AFP que recebeu a determinação de aplicá-la até 14 de outubro. O veto afeta ainda os aparelhos vendidos nas lojas duty-free, informou à rádio DubayEye o presidente do aeroporto de Dubai, Paul Griffith.

Para tentar acalmar o descontentamento dos clientes, a Emirates disponibilizou um serviço especial gratuito que permite o uso de aparelhos eletrônicos até o momento do embarque. O desafio é enorme para esta companhia, que opera 18 voos diários para os Estados Unidos a partir de Dubai. A Turkish Airlines fez o mesmo nos aeroportos da Turquia.

Viva os livros 

Em Dubai, alguns passageiros encontraram um substituto para os tablets. "Eu trouxe dois livros", disse uma passageira. No aeroporto de Abu Dhabi, também afetado pelo veto, a administração tenta seduzir os clientes com outras vantagens. A companhia Etihad informou que os passageiros com destino aos Estados Unidos podem passar por todos os controles de imigração e alfândega na saída de Abu Dhabi, um dos poucos aeroportos no mundo com este serviço.

"Assim não precisam entrar na fila ao chegar aos Estados Unidos", indicou a Etihad à AFP. Imediatamente depois dos Estados Unidos, o governo do Reino Unido anunciou na quarta-feira uma medida quase similar que, com exceção dos Emirados Árabes Unidos, afeta a Turquia e cinco países árabes: Líbano, Jordânia, Egito, Tunísia e Arábia Saudita.

As medidas, que não são aplicadas por outros países afetados por atentados como a França, foram muito criticadas. Alguns apontam o fato de que são aplicadas apenas em países muçulmanos, outros consideram que para os Estados Unidos esta é uma forma de protecionismo, em um cenário no qual as companhias aéreas americanas reclamam da concorrência das empresas do Golfo.

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