O governo federal pode aprovar, ainda este ano, a liberação do uso do diesel por carros de passeio no Brasil. Em nosso País somente caminhões, ônibus, picapes com capacidade de carga superior a 1.000 quilos e utilitários com tração 4×4 e reduzida (incluindo as picapes, SUVs e crossovers), além de máquinas agrícolas, podem usar esse combustível. Existem dois projetos sobre o tema tramitando no Congresso Nacional.
O Projeto de Lei do senador Benedito Lira ainda está no início do processo, sendo apreciado na Câmara dos Deputados. Ele pede a suspensão da portaria de 1976 que restringiu o uso do diesel em nosso País. Já o PL1013/2011, de autoria do deputado Áureo Ribeiro, propõe a regulamentação da fabricação de veículos a diesel, abrangendo utilitários e de passeio. Esse processo está mais adiantado e já esgotou seu tratamento dentro do Congresso, passou pelo ciclo de audiências públicas e aguarda o parecer do relator para ser enviado ao Senado e, em seguida, à Presidência da República.
“O veículo a diesel é sucesso em muitos países, sobretudo na Europa onde é maioria nos carros de médio e grande porte por causa da economia de combustível, da dirigibilidade, do valor de revenda e da própria estratégia das montadora em reduzir a emissão de poluentes”, diz Vicente Pimenta, diretor da Aprove Diesel, uma associação criada em 2013 que reúne empresas como a Bosch, MWM e Sociedade Brasileira de Engenharia Automotiva para divulgar e defender o uso do diesel por carros de passeio no Brasil. A Aprove Diesel está otimista em relação a uma possível liberação do uso do diesel em larga escala no País.
Quem acredita que a elevação da demanda do diesel pode acarretar em aumento no preço do combustível, a associação responde com um estudo onde mostra que o impacto seria pequeno, pois o grosso do consumo de diesel no Brasil está concentrado na geração de energia, embarcações, locomotivas, carretas, ônibus, tratores. “São motores muito volumosos trabalhando de modo muito intensivo. O acréscimo de veículos pequenos a essa frota já existente é pouco expressiva”, diz Vicente Pimenta.
NACIONAL
Brasileiro adora carro a diesel e costuma pagar caro por ele. Uma picape ou SUV com este tipo de motor custa cerca de 30% a mais que o similar a gasolina. Mesmo assim, vendem muito bem.
“O motor a diesel tem muitas vantagens. É até 40% mais econômico que um motor flex, mais durável e tem manutenção mais simples”, afirma o consultor automotivo Alexandre Costa. Para ele, a proibição atual não tem o menor sentido, ainda mais por ser baseada numa lei que está completando 40 anos.
“Naquela época, o Brasil importava 80% dos derivados de petróleo que consumia e era preciso frear o consumo”, explica Costa. Também foi a época das primeiras experiências com o álcool e o governo queria estimular a adesão ao combustível vegetal. Se for aprovada a liberação do diesel, os fabricantes poderão vender modelos que já são produzidos para outros mercados, como o Chevrolet Spin e a Fiat Strada que rodam aqui pertinho, na Argentina, com motores a diesel.