OPINIÃO

Resiliência versus Burnout: Entenda quando um termina e o outro começa

Muitas empresas e gestores levam a resiliência como cultura, confundindo produtividade sem limites com resiliência e criando um ambiente de resultados extremo, leia a opinião de Felippe Pessoa

Felippe Pessoa
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Felippe Pessoa
Publicado em 03/11/2020 às 11:36 | Atualizado em 03/11/2020 às 11:38
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O home office já é uma realidade adotada por muitos - FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

De acordo com o dicionário Aurélio, resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros.

No mundo corporativo, resiliência se tornou expressão comum. Em algumas empresas, essa é uma das competências mais desejadas. Quem não a tem pode ser considerado fraco, desmotivado ou incapaz de entregar resultados.

Mas é preciso saber que essa capacidade de se adaptar a circunstâncias estressantes e se recuperar de eventos adversos tem sim um lado B. Forças se tornam fraquezas quando submetidas ao extremo e podem levar ao esgotamento físico e psicológico. É necessário que cada um entenda seus limites e saiba que a resiliência serve para nos ajudar a crescer, a nos desenvolver, provocando o pensamento crítico e a consciência que resultam em maior produtividade.

Muitas empresas e gestores levam a resiliência como cultura, confundindo produtividade sem limites com resiliência e criando um ambiente de resultados extremo. Isso faz com que muitos profissionais busquem se adaptar a um perfil profissional desejado pelo mercado e que foge a sua natureza. E é aí onde mora o
problema. Uma pessoa resiliente é capaz de se posicionar, saber dizer não e negociar entregas. Aquele que se mostra subserviente e forte o tempo todo, em algum momento pode não suportar a pressão.

Sabe quando o corpo transborda? Aquela ansiedade e estresse acima da média? Uma sensação de esgotamento em todos os aspectos? Essas são as principais características do Burnout. Trata-se de um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.

E qual a relação entre resiliência e Burnout? Afinal, quando um acaba e o outro começa? Uma rotina que ultrapassa a capacidade de conciliar a vida pessoal e profissional, estresse excessivo, ansiedade e sobrecarga de trabalho são sinais de que alguma coisa não vai bem. A dificuldade de concentração e a perda da motivação mostram que a resiliência não é mais suficiente e que a pessoa pode estar enfrentando uma turbulência maior do que pode suportar.

Mas como encontrar o equilíbrio entre a rotina atribulada e a saúde física e mental? O que fazer para evitar essa explosão e entender os limites da mente e do corpo? Aqui vão algumas dicas para te ajudar nisso:

Priorize as atividades

Organização e foco na atividade que está executando podem ser fortes aliados na concentração e na entrega de projetos. Viver no caos dá uma sensação de atraso em tudo que precisa ser feito. Sabe quando você está em uma reunião pensando no projeto que tem prazo apertado para ser entregue?

Isso pode virar uma bola de neve e não tem cabeça que aguente. Organiza-se, tente descrever as atividades da semana e execute-as. Isso vai te ajudar a ter uma rotina mais tranquila.

Faça o que ama

Nem sempre é possível, mas quando estamos envolvidos na atividade não só por obrigação, tudo flui muito melhor. Se entregar de corpo e alma exige paixão e previne estresse e desilusão com o trabalho.
Se você ainda não faz o que ama, não desista. Corra atrás do que gosta e verá que os resultados serão melhores e a vida mais leve.

Aproveite os momentos de lazer

A rotina é corrida, cansativa e cheia de percalços. Por isso, não desperdice os momentos de lazer. Tente se desligar nos finais de semana, faça um programa que gosta, aproveite com para se dedicar a família e aos amigos. Levar trabalho para casa nos finais de semana pode ser uma exceção, mas não deve ser regra. Todos nós precisamos desacelerar para produzir mais e melhor.

Faça exercício físico

Encaixe exercícios físicos na sua rotina. Vale a pena acordar uma hora mais cedo para fazer uma caminhada ao ar livre ou praticar o esporte de sua preferência. Isso torna sua rotina mais leve e ajuda na disposição para o trabalho.

Converse sobre o assunto

Está sentindo que algo não vai bem? Peça ajuda. Compartilhe suas angústias com seu melhor amigo; quem sabe ele não te ajuda a encontrar um caminho. É importante conversar, trocar ideias e buscar uma forma de conciliar trabalho e vida pessoal.

Se você acha que precisa de uma ajuda profissional, procure uma terapia. Perceber que algo não vai bem e procurar ajudar é um passo importante antes de chegar ao limite.

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