Do ponto de vista técnico, a campanha que o Governo Federal está lançando, com a expressão "O Brasil não pode parar” é absolutamente legal. Mesmo tendo custado R$ 4,8 milhões num momento em que os brasileiros mais sérios contam moedas para montar UTIs.
Mesmo quando deputados e senadores discutem a possibilidade de corte aos próprios salários para dar exemplo.
Mesmo quando governadores se esforçam para cumprir normas da OMS, manter as pessoas em casa e tentar salvar o máximo de vidas possível com pouco dinheiro.
Mesmo quando governos estaduais diminuem repasses aos outros poderes, para focar no combate à doença.
Mesmo a campanha tendo sido feita sem licitação, por causa da gravidade do momento. Aliás, é uma perversa ironia. A peça afirmando que as pessoas não se preocupem e saiam de casa só pôde ser feita sem licitação porque um decreto, baseado na calamidade imposta pelo coronavírus, permite.
Ela existe pra desmentir o que permitiu que ela existisse. Dá pra entender?
E se é tudo tão legal, porque o vídeo já começou a circular nas redes sociais, antes de ser lançado oficialmente?
A resposta pode ser porque é possível que, apesar de tecnicamente legal, ela seja dinheiro público sendo investido em algo que atenta contra a saúde pública.
E alguém poderia acionar a Justiça para evitar que ela fosse lançada. Foi melhor garantir.
A antecipação é tática de guerrilha.
Em tempo, na Itália, cidades como Milão fizeram uma campanha igual no início da pandemia, era “Milão não pode parar”.
Nem precisa explicar o que aconteceu depois.
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