Antecipação de IPTU em tempos de coronavírus peca por texto e contexto. É, no mínimo, questionável

Momento é o pior possível para se falar em antecipação de impostos, quando a movimentação do restante do Brasil e do mundo é exatamente a oposta. Fala-se em atrasar pagamentos, possibilidade de congelar preços, alugueis, aliviar impostos, não antecipá-los
Igor Maciel
Publicado em 01/04/2020 às 11:31
Assunto virou tema nacional, com críticas. Foto: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem


Pra tudo existe forma e conteúdo. A ideia de antecipar o IPTU de 2021 no Recife, que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) diz que partiu de alguns contribuintes, peca nos dois. Tem problemas de texto e de contexto.

Primeiro porque é, no mínimo, questionável para a atual gestão que se busque antecipar uma receita que deveria ser responsabilidade do próximo prefeito e que o próximo gestor precisará para reerguer a cidade e mantê-la funcionando após o coronavírus.

Fora isso, o contexto é o pior possível para se falar em antecipação de impostos, quando a movimentação do restante do Brasil e do mundo é exatamente a oposta. Fala-se em atrasar pagamentos, possibilidade de congelar preços, alugueis, aliviar impostos, não antecipá-los, mesmo que seja opcional.

Aliás, sobre ser opcional e ter sido proposto por alguns contribuintes, como disse o prefeito, vale perguntar:

Já que foi assim, porque foi oferecido benefício com desconto para quem fizer esse pagamento antecipado?

E justifico a pergunta:

Se alguém está disposto a pagar porque tem dinheiro e quer ajudar no momento de crise, ótimo. Então por qual motivo a Prefeitura precisa abrir mão de receita para isso?

Impressiona também que a matéria tenha sido aprovada na Câmara, com apoio de uma oposição que foi desatenta. 

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