O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dormia quando um repórter do Estadão ligou. Queria saber o que o ministro achava de Bolsonaro, que havia dito "estar pronto para usar a caneta e demitir auxiliares que viraram estrelas", os que a situação subiu à cabeça deles. Mandetta respondeu que trabalhou até tarde, estava dormindo e não queria saber disso. Ia ver o vídeo depois, quando acordasse. Virou pra o lado, repousou a cabeça e voltou a dormir.
Fora do sono de Mandetta, o pesadelo do Brasil seguiu. Porque não dá pra dormir tranquilo quando um presidente passa as muitas horas vagas que tem brincando de ser o “menino que é dono do brinquedo” e vai "contar à Tia se não brincarem com ele e chamarem ele de grande líder”.
É curioso também que a toda poderosa caneta Bic de Bolsonaro seja tão poderosa e ele viva mais de ameaças do que de gastar sua tinta.
Da semana passada pra cá foram várias as ameaças. “Eu tenho a caneta”, diz o capitão, esquecendo de dizer que lhe falta coragem para usá-la.
Bolsonaro disse ter um decreto, pronto sobre a mesa, ordenando, como nos tempos do Imperador, que o comércio seja aberto em todo o Brasil. Convenhamos que nem Pedro II era tão absolutista. Já havia um parlamento.
Depois, Bolsonaro repete que tem a caneta e pode demitir quem ele quiser. A caneta está lá, pronta para ser usada.
A Bic é conhecida pela confiabilidade, logo, o que falta a Bolsonaro é a coragem mesmo, não tinta.
Novos aspectos da pesquisa Datafolha sobre a crise foram revelados. Quando a pergunta sobre o desempenho durante a pandemia de coronavírus é feita apenas para os eleitores de Bolsonaro, o presidente é aprovado por 54%.
Ele perdeu o apoio de metade até dos próprios eleitores. Mandetta, que tem 76% de aprovação geral, entre eleitores de Bolsonaro ainda cresce: 82% o apoiam.
Mandetta pode sonhar. Nós por enquanto, temos que descobrir como sair de dentro do pesadelo de Jair.
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