Não bastou visitar a padaria e provocar aglomeração nas ruas. Não bastou fazer discurso contra o distanciamento social. Não bastou nem mesmo ameaçar o ministro da Saúde com demissão. Agora Bolsonaro resolveu que vai atrapalhar de forma mais ativa. E, mais uma vez, toma ações que vão contra o próprio governo.
O presidente resolveu proibir as empresas de telecomunicação de informarem, com geolocalização, lugares onde estariam acontecendo aglomerações. A medida ajudaria governadores e prefeitos a trabalhar contra a disseminação da doença. A estratégia já contava com apoio interno na gestão. E não estamos falando só de Mandetta.
A Advocacia Geral da União emitiu parecer favorável e explicou que não haveria problema nenhum, já que a tecnologia não é capaz de identificar os indivíduos, mas apenas dizer como está o isolamento em cada região.
Depois, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, recebeu toda a documentação e o relatório das empresas de telefonia, gravou até vídeo falando positivamente sobre a ideia.
Aí, Bolsonaro mandou dizer que era pra parar tudo, porque não confia que realmente a privacidade das pessoas vai ser preservada.
O presidente, que foi candidato dizendo, com orgulho, que não entende de quase nada, mas teria ministros capacitados por isso, resolveu que sabe mais que os médicos, os economistas e os cientistas.
Todo mundo sabe que ele só quer atrapalhar o trabalho dos governadores e prefeitos.
Mas é curioso que Bolsonaro, agora, entende mais de telecomunicações do que o astronauta Marcos Pontes e mais de Direito do que a Advocacia Geral da União.
Bolsonaro é uma sumidade.
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