O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) ensaia uma volta à vida pública, após duas derrotas em eleições presidenciais. Mais do que um retorno político, essa intenção de voltar ao mundo eleitoral é um sintoma. Alckmin foi um bom gestor em São Paulo, teve níveis altos de aprovação, é inteligente e dedicado, mas eleitoralmente provoca tanta empolgação quanto um bicho-preguiça fazendo uma sesta.
Alckmin querer voltar é sintoma da falta de líderes nesse País, dividido entre uma esquerda progressista que não age como esquerda nem é progressista e uma direita conservadora que age como esquerda e confunde conservadorismo com dogmas religiosos e regressão de costumes.
O fato de não surgir ninguém, fora desses arremedos de seita, que realmente consiga capitalizar em popularidade os anseios do eleitorado, faz com que o médico anestesista Geraldo Alckmin, que chegou a fazer participações em programas de TV falando sobre acupuntura, nos últimos meses, decida ser candidato de novo.
O vácuo aceita de tudo. Não é só Alckmin. Quem surgiu nas redes sociais recentemente, posando de bom moço, pedindo desculpas pelos erros do passado e tentando ser o cara legal da festa? Fernando Collor (PTC).
O senador alagoano aproveitou o isolamento em casa para “conversar com os fãs”, fez muitos seguidores com um jeito bem humorado de tratar assuntos sérios, responde sobre o impeachment dele e sobre PC Farias devolvendo brincadeiras, analisa até as diferenças entre a Fiat Elba e a Ferrari que tem na garagem, minimizando, de uma vez, logo dois escândalos em que esteve envolvido em épocas diferentes.
A reação dos seguidores? Alguns até se oferecem para trabalhar “de graça" na campanha dele para presidente, se ele quiser. Comentários como “nós éramos felizes com você e não sabíamos”, são comuns e diários.
Alckmin é bem diferente de Collor, no caráter e na competência. Collor é bem diferente de Alckmin no carisma e na popularidade.
Mas os dois são sintomas da mesma doença.
E o paciente está mal.
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