A notícia de que UFPE, UFRPE e UPE estudam implantar ensino à distância para os alunos das instituições seria muito boa se tivesse acontecido há dois meses e meio. Para quem não sabe ainda, há dois meses e meio foi declarado que uma pandemia assolava o planeta.
Imediatamente, com a proibição de aulas presenciais, instituições de ensino particulares começaram a realizar suas atividades em plataformas pela internet. Não foi preciso inventar a roda, nem descobrir o fogo. O segredo é que… acreditem… essas plataformas já existem há alguns anos.
Os reitores das públicas justificaram. Um deles diz, com devida seriedade científica, que é preciso ver se professores estão preparados, se os alunos estão preparados e se o material didático está preparado. É uma preocupação sensata, embora fosse mais comum no início deste século, há uns 20 anos.
As plataformas existem e funcionam em celulares, esses smartphones que já existem por aqui em maior número do que a população brasileira. Os professores devem ter um computador em casa ou bastava a Universidade disponibilizar um. A internet é, sim, um problema, mesmo levando em consideração que o número de estudantes de renda alta que estudam nas universidades públicas é grande, muitos discentes não têm acesso à internet.
Mas a suspensão das aulas aconteceu há mais de dois meses e somente agora se pensa nisso de forma efetiva? É curioso.
E mais, as universidades privadas tem um grande número de alunos de baixa renda, que estão lá, em sua maioria, por merecido e suado financiamento do governo. Isso não foi problema para eles.
É verdade que ter um ministro da Educação como Abraham Weintraub pode servir de álibi para muita coisa, mas a autonomia das universidades não permite apoio nesse argumento. E mais, no caso da UFPE, o setor de tecnologia da Universidade é sempre muito elogiado e os profissionais ali são capazes de entregar soluções para todas essas dificuldades, evitando que os alunos perdessem o semestre letivo.
A solução pode estar lá dentro mesmo.
Mas, precisou-se de dois meses e um semestre perdido para começar a pensar no assunto.