Não há acordo para a mudança de data da eleição municipal. O clima de tranquilidade em torno do dia 15 de novembro como nova agenda só durou enquanto a proposta estava no Senado. Na Câmara Federal o clima é outro.
O centrão, que tem 200 dos 513 votos na Casa e é ligado a muitos prefeitos que estão no cargo hoje, não está disposto a permitir o adiamento.
Usam o argumento de que nada vai mudar em pouco mais de um mês e a pandemia vai seguir sendo um problema. Dizem ainda que é melhor manter o calendário como está, já que a dificuldade vai ser a mesma. Assim, a eleição seria mesmo no início de outubro.
O discurso esconde uma preocupação do grupo. Para muitos, tendo um mês e meio a mais para se preparar, os candidatos de oposição podem equilibrar o jogo nos municípios. Hoje, com a possibilidade de não haver campanha presencial ostensiva, os prefeitos que já estão nos cargos para a reeleição ou tentam fazer seus sucessores, levam vantagem.
A oposição não terá tempo para organizar tudo pela internet e quem já está há anos em contato com a população, larga na frente. Deputados do centrão temem que um mês e meio seja suficiente para que esses opositores consigam reverter o problema.
Eles também não verbalizam isso publicamente, mas existe até o risco de a pandemia realmente dar trégua em um mês e meio e a vantagem dos atuais gestores tentando reeleição ir por terra.
Há ainda os que defendem que a eleição não aconteça e seja incorporada ao calendário de 2022, com uma extensão dos mandatos atuais. TSE e juristas da área consideram que isso é inconstitucional, porque o voto em 2016 foi dado para um mandato de quatro anos. Realmente seria um absurdo.
Mas em cabeça de político, quando enxerga alguma vantagem para si ou para seu grupo, cabe tudo.