Bolsonaro apostou na estratégia de guerra permanente e vai recebendo uma tempestade como resposta

Quando deputado, Bolsonaro brigava com uma pessoa de cada vez e, de tão inexpressivo, muitas vezes nem recebia resposta. Querer reproduzir isso em escala industrial contra poderes da República e mais de cinco mil gestores entre governadores e prefeitos é patetice
Igor Maciel
Publicado em 18/06/2020 às 12:32
"Acho que não vai vingar esse projeto, não", disse Bolsonaro Foto: EVARISTO SA/AFP


Uma das características de um regime presidencialista dentro de uma república federativa tradicional, formada por três poderes centrais e mais de cinco mil gestores independentes, eleitos como governadores e prefeitos, espalhados pelo Brasil, é que é impossível viver de briga.

Quando deputado, Bolsonaro brigava com uma pessoa de cada vez e, de tão inexpressivo, muitas vezes nem recebia resposta.

Querer reproduzir esse comportamento, em escala industrial, sendo Presidente da República beira à patetice política. Em algum momento vai haver revide e, quando vier, chega com uma força insuportável.

Em pouco mais de um ano e meio, Bolsonaro conseguiu brigar com o Congresso, com os governadores, com prefeitos e, por fim, foi de encontro ao STF.

Quando o céu fechou e a tempestade se voltou contra o Planalto, foi com força. Quem acompanha política sabe que o processo de impeachment contra o governador do RJ e a prisão de Fabrício Queiroz, por exemplo, não são eventos desconectados. Sabe também que a demissão de Weintraub do Ministério da Educação é uma das condições de sobrevivência de Bolsonaro depois dos ataques contra o STF.

Sabe que tudo está conectado e o jogo é muito mais pesado do que parece acima da linha da água. No oceano profundo o mundo é muito, mas muito complicado.

Muito mais do que os bolsonaro podiam imaginar em seus piores pesadelos.

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