A última pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta segunda-feira (20), mostra que o presidente Jair Bolsonaro está retomando, aos poucos, o nível de aprovação que tinha antes da pandemia do novo coronavírus. O índice de ótimo e bom, que chegou aos 25% em maio, voltou ao patamar de 30% que tinha em março e segue tendência de alta. A rejeição, que já foi de 50%, voltou a um patamar de 45%.
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Ainda é muito ruim, não sustenta, nem com muita boa vontade, a ideia de que Bolsonaro seria um "líder popular", mas mostra que a crise do presidente, passível de impeachment nos últimos meses, bateu no fundo do poço e começou a subir.
Deixando de lado as vontades ideológicas que só enxergam como bom o que lhes agrada, essa estabilidade é positiva e deveria ser comemorada. Principalmente porque essa estabilidade diz respeito a um efeito menos danoso da crise econômica do que se esperava.
Politicamente, a pesquisa traz outro dado interessante, a boa popularidade dos governadores, que chegou a alcançar 44% de ótimo e bom entre março e abril, caiu para um patamar de 36%. A rejeição, que chegou a ser de 15%, já está em 25%.
Fato é que as operações da Polícia Federal por causa das compras atrapalhadas de equipamentos e materiais hospitalares durante a pandemia mostraram que, apesar de terem um discurso mais responsável, os gestores não souberam agir, ou agiram de má fé. E isso não ficou impune na avaliação dos entrevistados.
A reabertura confusa também contribuiu para isso. Depois de brigarem tanto com Bolsonaro e ganharem pontos com isso, muitos gestores, pressionados em seus estados, começaram a se render e abrir, mesmo com números ainda altos.
O resultado bom para o presidente veio num momento em que Bolsonaro parou de brigar com outros poderes e silenciou a ala ideológica do governo. A popularidade começou a melhorar também num momento em que ele deixa de criar polêmicas a partir de entrevistas diárias feitas no cercadinho, na entrada do Palácio da Alvaroda.
A lógica mostra que, calado e isolado, Bolsonaro agrada muito mais do que ativo e falando. Difícil esperar que o presidente atenda à lógica, visto que sofre de narcisismo exacerbado, mas seria muito positivo para a relação com o Congresso e para as necessárias reformas na agenda, que ele se contivesse.
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