Cena Política

Secretário de Saúde de Pernambuco fala que não pode "punir a eficiência do Recife" de João Campos

Não se trata de "não punir a eficiência", mas de fazer o que os socialistas sempre defendem em relação ao acesso dentro de um sistema desigual: dar oportunidades diferentes aos diferentes para que eles se tornem iguais um dia.

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Igor Maciel

Publicado em 30/04/2021 às 10:40 | Atualizado em 30/04/2021 às 11:40
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O secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou em entrevista à Rádio Jornal que "não pode punir eficiência", quando questionado sobre as doses que o Recife começou a aplicar nos professores, enquanto os outros municípios ainda estão sofrendo pra aplicar vacinas nos grupos prioritários definidos pela secretaria.

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O que ninguém explica é o motivo de estarem sobrando doses no Recife, se a secretaria afirma que está fazendo a distribuição das vacinas seguindo estritamente o critério da proporção dos grupos prioritários.

Basicamente, se o Recife tem X pessoas de um grupo e outro município tem Y pessoas, a capital recebe X vacinas e o outro município recebe Y. Mas, quando todas são aplicadas, sobram doses no Recife e no outro município não. 

É natural que haja eficiência maior quando há maior uso de tecnologia no agendamento, na logística, mas nesse caso é matemática.

Se Recife recebe 20 vacinas para 20 pessoas e o outro município recebe 12 vacinas para 12 pessoas, porque o Recife vacina as 20 e ainda tem sobras pra escolher quem recebe em seguida, enquanto o outro município sofre pra vacinar as 12 que previra?

A eficiência, nesse caso, diria respeito à velocidade da aplicação... mas não à multiplicação das doses.

O que se pede não é a defesa de uma acusação, como a secretaria de Saúde e a própria prefeitura tem tratado. Ninguém está culpando a prefeitura do Recife por ser eficiente ou a secretaria de Saúde pela distribuição.

Mas, é preciso que seja bem explicado, com números, com métodos utilizados, com o compartilhamento das informações, para que toda a população de Pernambuco seja beneficiada.

Certamente, o objetivo do prefeito João Campos (PSB), independente de ser gestor no Recife, é ver a população de todo o estado vacinada. Então, é de se esperar que ele esteja disposto a dividir com todos os prefeitos o que leva a capital a ter tamanha eficiência matemática.

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Às vezes, o que parece transformação de água em vinho, é algo simples, que pode ajudar a salvar vidas em outros municípios. Que se explique o milagre e talvez se descubra que não é milagre, assim todos podem fazer.

O Recife diz que disponibilizou a plataforma de agendamento para quem quiser utilizar. Onde está disponível? Alguém já buscou? O governo do Estado está distribuindo e orientando os outros municípios?

Essa direção do governo de Pernambuco é necessária. E não se trata de "não punir a eficiência", mas de fazer o que os socialistas sempre defendem em relação ao acesso dentro de um sistema desigual: dar oportunidades diferentes aos diferentes para que eles se tornem iguais um dia.

Vale para tributação, vale para programas sociais, mas não vale quando prefeitos estão tentando vacinar seus munícipes? Aí é cada um por si e quem for mais eficiente não pode ser tocado?

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