Cena Política

Existe um modelo para o que Jair Bolsonaro quer fazer com a Petrobras, chama-se Venezuela

Pela lei, hoje, é impossível mudar a política de preços da Petrobras. A insistência de Bolsonaro em trocar presidentes e ministros com frequência dão a entender que ele espera alguém que ignore a lei em nome dele.

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Igor Maciel

Publicado em 11/05/2022 às 17:28 | Atualizado em 11/05/2022 às 17:32
Análise
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Jair Bolsonaro (PL) fala em liberdade, mas para ele só serve a liberdade que lhe for conveniente. A liberdade na política de preços da Petrobras, por exemplo, recentemente foi classificada pelo presidente como "estupro".

Esse modelo que o Planalto deseja, de uma empresa petrolífera que se molda às vontades do governo e ajuda na popularidade de seu governante existe e se chama Venezuela. O resultado, como bem pontuou editorial recente o jornal O Globo, é uma empresa e um país quebrados.

Na melhor prática da inutilidade de aniquilar o mensageiro porque não gostou da mensagem, Bolsonaro sai demitindo presidentes e ministros, tentando fazer parecer que está indignado com a regra de um jogo liberal que, por muitas vezes, ele próprio defendeu na campanha, enquanto reclamava que Lula e o PT haviam se apossado da Petrobras em benefício próprio.

Pela lei, hoje, é impossível mudar a política de preços da Petrobras.

Repete-se: pela lei.

A insistência de Bolsonaro em trocar presidentes e ministros com frequência dão a entender que ele espera alguém que ignore a lei em nome dele. Alguém que prejudique a Petrobras e seus acionistas, em nome da popularidade do chefe.

Um aviso: se isso acontecer, no curtíssimo prazo haverá base para a empresa ser processada internacionalmente por esses acionistas em alguns bilhões.

E aí, o barato na bomba rapidamente se transformaria em desabastecimento e preços ainda mais altos.

Seria uma "Vitória de Pirro".

Sempre pírricos

O formato da democracia brasileira, aliás, incentiva essas "vitórias pírricas" e sempre quem se prejudica é o povo.

Pirro foi um rei da Macedônia que lutou contra os romanos e conquistou vitórias quase sempre sacrificando seus próprios homens para isso.

Dilma quase quebrou o país para ser reeleita em 2014. Bolsonaro quer tentar o mesmo e vê a Petrobras como possibilidade.

De outro lado, o presidente também acredita que se minar a credibilidade da democracia, atacando as urnas, conseguirá quebrar o sistema para poder controlá-lo.

O prejuízo seria muito maior e a vitória também seria pírrica.

Aliás, a aliança de Bolsonaro com o centrão, que o mantém no poder, é uma vitória pírrica, na medida em que a máquina pública fica "sequestrada". O prejuízo sempre chega com o tempo.

Pelo caminhar dessas eleições, e é preciso dizer isso com muita tristeza, não teremos momento de estabilidade nos próximos meses e talvez anos.

Há mais crise pela frente.

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