Após o 60º dia de vigência do aumento linear médio de 24,9% nos preços domésticos anunciado em 11 de março passado, a Petrobras anunciou na manhã desta segunda-feira (9) um reajuste no preço médio de venda de diesel de 8,87% para as distribuidoras.
O reajuste, porém, não zera a defasagem dos preços em relação ao dólar e ao preço médio do barril do petróleo.
Esse é o terceiro aumento do ano e o primeiro do atual presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, que tomou posse em 14 de abril.
Por enquanto, os preços da gasolina e do gás de botijão não terão alteração, embora, no caso da gasolina, exista hoje uma defasagem de -19% em relação ao último aumento (R$ 0,61/L) desde o último reajuste, em 11 de março.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), existe hoje defasagem média de -17% no óleo diesel. O preço de paridade de importação (PPI) foi calculado usando como referência os valores para gasolina, óleo diesel, câmbio e frete marítimo na abertura do mercado no dia 09/05/2022.
Segundo a Abicom, o mercado internacional e do câmbio pressionam os preços domésticos e por isso o PPI acumula aumento de R$ 0,69/L desde o último reajuste. Isso quer dizer que, na média, os preços antes do reajuste acumulavam uma defasagem de -R$ 0,94/L, variando entre -R$ 1,17/L e R$ 0,03/L, a depender do porto de operação.
Para irritação do presidente Jair Bolsonaro, a empresa disse em nota que "A partir de amanhã, 10/05, o preço médio de venda de diesel da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro".
A estatal também justifica o aumento dizendo que "Nesse momento, no entanto, o balanço global de diesel está impactado por uma redução da oferta frente à demanda". E informa que a diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta.
E se explica dizendo que os preços praticados pela Petrobras, tendo como referência os preços de mercado, são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.
O reajuste vem depois de uma nova estratégia de comunicação da empresa de não mais ficar calada quanto às acusações do presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
Na última sexta-feira, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, disse que o lucro líquido recorrente no trimestre, de R$ 43,3 bilhões, reflete principalmente a melhor eficiência operacional, maior produção e exportação de petróleo, menores custos com importação de Gás Natural Liquefeito (GNL), ganhos cambiais devido à valorização do Real frente ao Dólar e os preços do petróleo no período.
José Mauro Coelho lembrou que a Petrobras convive com um nível saudável de endividamento bruto, que atingiu US$ 58,6 bilhões neste primeiro trimestre de 2022, valor 74% menor que a dívida no mesmo período de 2014. Além disso, os juros pagos de financiamentos caíram 65% neste período.
No Governo Lula, a empresa acumulou o maior endividamento do setor, tendo reduzido essa conta em US$ 100 bilhões.
Curiosamente, Bolsonaro não aproveita os avanços em termos de gestão da empresa estatal durante o seu governo, e adotou uma estratégia de afirmar que o aumento dos preços de combustíveis é uma estratégia da empresa, que ele não tem qualquer envolvimento.
Da mesma forma, o ex-presidente Lula diz que vai "abrasileirar" os preços da Petrobras, para que ela não sirva apenas aos acionistas estrangeiros, quando, em 2010, o seu governo promoveu uma capitalização (a maior do mundo, segundo Lula disse na época) que visou a entrada de mais capital estrangeiro na empresa. A partir daí, a Petrobras passou a ter mais representantes de acionistas minoritários no seu Conselho de Administração.
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