Voltando um pouco no tempo, lembra-se que a discussão sobre voto impresso teve início há exatamente um ano e arrefeceu em setembro. A manobra é muito parecida, quase idêntica no calendário. Em julho de 2021 aconteceram os questionamentos. Entre julho e agosto, Bolsonaro (PL) promete apresentar provas de fraudes nas urnas (que não apresentou). Em setembro, os bolsonaristas fazem um grande evento no sete de setembro e, então, o presidente recua.
A coluna já destacou aqui, em outros momentos, a estratégia de avançar e recolher do presidente Jair Bolsonaro com seus apoiadores mais fanáticos. O chefe do Executivo tem, segundo pesquisas recentes feitas pelo Instituto da Democracia, cerca de 15% de eleitores fiéis. É o chamado voto duro. Sua base quase impenetrável. Esses eleitores, em sua maioria, são radicais e se alimentam de teorias da conspiração ou do antipetismo. Eles precisam ser nutridos.
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Bolsonaro precisa crescer, mas não pode fazer isso perdendo sua base. Por isso ele costuma fazer movimentos mais radicais para agradá-los e depois recolhe um pouco para não parecer radical e tentar conquistar eleitores fora da bolha. Em 2021, o barulho com o voto impresso auditável durou três meses, de julho a setembro. Em julho, a reclamação, entre julho e agosto houve a promessa de apresentação de provas. Em setembro, evento com bolsonaristas e muitos ataques às urnas. Quando o clima institucional ficou insustentável, Bolsonaro simplesmente fez sinais de que estava tudo bem de novo e parou de reclamar.
Os acontecimentos de 2022 mostram que virou quase um evento oficial do “calendário bolsonarista”. O assunto voltou a ser levantado em julho. Semana passada, Bolsonaro prometeu que receberia 50 embaixadores e mostraria a eles provas de fraudes nas urnas. Agora, está marcando para o dia sete de setembro uma “grande mobilização”.
Mesmo roteiro, com a diferença que este ano tem uma eleição, menos de 30 dias após o feriado da Independência.
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