André Janones (Avante) que desistiu da candidatura à presidência para apoiar Lula (PT), diz que o fez porque o petista defende o fim da miséria, quer acabar com a fome e propõe o Auxílio Emergencial de R$ 600 como valor fixo no futuro.
Tudo bem, mas Lula já defendia isso antes e nada mudou por causa de Janones.
O deputado mineiro sabia que não tinha qualquer chance na disputa e resolveu se escorar no coqueiro mais firme do momento.
Mais importante do que saber o que Janones ganha com isso é entender o interesse de Lula nele e por que há potencial para fortalecer muito o petista na eleição.
Acontece que Janones é um fenômeno das redes sociais. Como defensor do Auxílio de R$ 600, desde a época da pandemia, quando o governo Bolsonaro chegou a propor que o valor fosse R$ 200. Janones acumulou seguidores, principalmente no Facebook. Só nessa plataforma, ele possui 8 milhões de seguidores.
Já no YouTube, o mineiro tem 1,4 milhão de inscritos.
No Facebook Lula tem 5 milhões e no YouTube pouco mais de 500 mil.
Janones também tem bastante interlocução com o movimento dos caminhoneiros autônomos, com quem Lula ainda não dialogava.
Há alguns meses que a equipe de campanha petista admitiu que não teria condições de se igualar à influência de Bolsonaro nas redes sociais.
A partir daí, criou-se uma nova estratégia que consistia em aproveitar o capital de influenciadores digitais e políticos que tivessem maior penetração nesse espaço.
Gil do Vigor e Juliette, ex-BBBs, foram atraídos para apoiar Lula com esse objetivo.
A cantora Anitta é outra perna desse plano e Janones tornou-se a cereja do bolo, porque traz capital eleitoral agregado aos seguidores. Já que, apenas ter seguidor, não resolve se esse público não for engajado politicamente.
Claro que a fome de Janones tem mais a ver com sua reeleição certa a deputado federal e com os benefícios que terá, em uma Brasília “comandada” por um Lula que lhe deve algo, do que pelas propostas contra a miséria.
Mas a desistência dele terá mais impacto do que se imagina na disputa e é um duro golpe contra Bolsonaro.
O resultado de qualquer negociação é o produto das necessidades de quem precisa mais daquilo que está sendo negociado.
O recuo de Bolsonaro (PL), que impôs condições para ser entrevistado pelo Jornal Nacional, teve as cláusulas negadas e, ainda assim, aceitou o convite, é resultado da frase inicial desse texto.
Bolsonaro queria que os apresentadores do JN fossem até o Palácio da Alvorada em Brasília para que ele fosse entrevistado lá, enquanto os outros dariam entrevistas no estúdio, no RJ.
A globo negou, afirmando que desde 2014 definiu que isso não aconteceria mais (como ocorreu com Lula e Dilma presidentes), porque precisava garantir tratamento igual a todos os candidatos, independente do cargo que ocupam.
A negociação teve controvérsias, com o filho do presidente publicando que a Globo tinha cedido e entrevistaria no Palácio. Flávio Bolsonaro (PL) acabou desmentido pela emissora.
Horas depois, o presidente teria avisado aos próprios ministros que toparia e viajaria ao RJ para dar a entrevista no estúdio.
Já nesta sexta-feira (5) saiu a confirmação oficial, com uma mensagem à emissora, a campanha de Bolsonaro confirmou que ele irá para os estúdios ser entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos no dia 22 de agosto.
Bolsonaro precisa ir. E por mais que não tenha sido atendido, é obrigado a admitir que não existe audiência jornalística maior no Brasil do que a do Jornal Nacional e é a melhor chance possível para ele falar ao público que recebe Auxílio Brasil, por exemplo, e tentar conquistar esse público que nem sempre têm acesso à internet.
É curioso, porque a Globo é atacada constante e consistentemente há anos pelo próprio presidente e pelos seus apoiadores. Há, entre os bolsonaristas, quem defenda fechar a emissora, entre outros absurdos.
Mas, a equipe de campanha do candidato à reeleição o convenceu de que se ele não ceder, está perdido.
O JC em parceria com o Oddspointer acompanha a tendência de voto à presidência. O agregador de pesquisas tira uma mediana da intenção de votos em relação a cada candidato.
O gráfico é atualizado semanalmente de acordo com a publicação de novas pesquisas. Veja o panorama de momento abaixo: