Se há algo poderoso nas redes sociais é o "falem mal, mas falem de mim”. Tudo o que gera engajamento, mesmo que seja negativo, acaba sendo proveitoso para que o criticado encontre seguidores que se identificam com aquilo e aumente sua bolha. Quando você critica alguém, coloca ele no seu próprio mapa e quem conhecer você e se identificar de alguma maneira com aquela pessoa passa a segui-la. Os bolsonaristas, que se aproveitam tanto disso, entendem e evitam. Os lulistas caem como patinhos na estratégia do adversário.
O site Poder360 fez um levantamento para identificar as postagens pagas em redes sociais relacionadas a Lula (PT) e a Bolsonaro (PL). Postagens pagas são aquelas feitas com impulsionamento. Coloca-se um valor e aumenta-se o alcance do conteúdo.
Quando um lulista paga para impulsionar uma postagem contra Bolsonaro, está beneficiando o atual presidente. Quando um bolsonarista paga para impulsionar mensagens contra Lula, está ajudando o ex-presidente.
Quem não gosta de jiló e faz propaganda disso, incentiva a curiosidade das pessoas para experimentarem jiló. Como gosto cada um tem o seu, há quem ache aquilo delicioso.
No fim, o maior inimigo do jiló ajudou a encontrar apreciadores para ele.
Um exemplo histórico aconteceu na eleição de 2018, durante as manifestações contra Jair Bolsonaro intituladas “Ele não”. O evento teve grande repercussão nas mídias sociais e nas TVs e rádios. Muita gente que, até ali, nem conhecia Bolsonaro ainda, viu partidos políticos de esquerda e integrantes de movimentos sociais falando mal daquele homem e acabou se identificando com o homem em questão, já que antipatizava com esses partidos de esquerda e esses movimentos.
Em resumo: o inimigo do meu inimigo é meu melhor amigo.
Acontece que, vendo a lista dos apoiadores de Bolsonaro que impulsionam conteúdo sobre Lula, encontramos apenas dois entre os dez maiores: Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de SP e um grupo que produz vídeos no YouTube. Ou seja, só 20% dos impulsionadores de conteúdo bolsonaristas, em redes sociais, cometem o erro de colocar o adversário em evidência. Os outros 80% são lulistas querendo criar identificação com o petista.
Já entre os dez maiores impulsionadores de conteúdo que fazem menção a Bolsonaro, 50% são lulistas. Eles estão ali para criticar o atual presidente, mas acabam evidenciando Bolsonaro nas redes.
Falar mal do presidente virou um pré-requisito para ser de esquerda no Brasil. Problema é que quando um personagem da esquerda fala mal de Bolsonaro, fortalece a imagem dele como alguém muito bom para eleitores que simpatizam com a direita.
Os maiores propagadores de Bolsonaro, de forma estúpida e ingênua, são os seus detratores. Ninguém pode fazer mais propaganda de você do que quem não gosta de você.
Os petistas não entendem isso porque estão acostumados com um ambiente analógico em que críticas eram assassinatos de reputações.
Hoje, as críticas fazem partos.
A mais recente pesquisa Ipec (ex-Ibope), que mantém Danilo Cabral (PSB) no mesmo patamar mostrado pelos outros levantamentos anteriores, fixa a ideia de que nem Lula (PT) salva o socialista. Sempre que se questionavam os números, a resposta do PSB e de aliados era a de que tudo iria mudar quando o ex-presidente petista declarasse seu apoio em Pernambuco. Lula veio, há quase um mês. De lá pra cá, Danilo oscilou para cima e para baixo, dependendo do instituto, mas não saiu da margem de erro.
Há aliados da Frente Popular ainda receitando paciência, mas começou a circular um prazo nos bastidores. Com a campanha de 45 dias tendo início nesta terça-feira (16), o deputado federal e candidato ao governo terá pouco mais que um terço disso para mostrar algum resultado. O que se comenta é que se nos próximos 15 ou 20 dias dias Danilo não escalar, não crescer e se tornar competitivo, a maioria começará a buscar alternativas.
Esta semana, uma nova pesquisa está sendo feita em Pernambuco. O Datafolha pretende apresentar resultados para o cargo de governador, no estado, na quinta-feira (18).
A expectativa é grande na Frente Popular, porque será a primeira pesquisa com a campanha na rua.
Eugênia Lima (PSOL, que disputa o Senado em Pernambuco pelo PSOL, vai ser a candidata ao cargo com apoio de dois candidatos ao governo. Além do postulante em sua própria sigla, João Arnaldo (PSOL), o candidato Jones Manuel (PCB) também decidiu apoiar a candidatura de Eugênia.