Nesta reta final da campanha em Pernambuco, não há situação completamente confortável para ninguém. Apesar da liderança de Marília, que deve se manter, ela também enfrenta desafios até o próximo domingo. Os outros quatro, que disputam uma vaga no segundo turno, terão dificuldades que vão da falta de dinheiro até a falta de conhecimento em algumas regiões. E terão que resolver em seis dias o que não conseguiram em todo o período de campanha. A relação abaixo e a análise de cada candidato é baseada em pesquisas internas a que a coluna teve acesso, dentro das campanhas de quase todas as candidaturas.
A deputada federal é a favorita para vencer a eleição nos dois turnos. Não há dúvidas. Mas, isso está cotado no “preço” de hoje, amanhã tudo pode mudar. Há uma fragilidade na candidatura de Marília Arraes (SD), que é a dependência dos votos de Lula (PT). Quem depende de um só poço, quando ele seca, morre de sede. Hoje, pouco mais da metade das intenções de voto dela têm relação com o lulismo em Pernambuco e com uma rejeição a Danilo Cabral (PSB) por causa do governo Paulo Câmara (PSB), principalmente. Os números mostram que Danilo tem amenizado a rejeição e os eleitores de Lula podem acabar cedendo. Ele vem crescendo em pesquisas publicadas, inclusive. E, na última do Ipec, Marília caiu cinco pontos percentuais. O desafio dela é segurar essa votação e não cair abaixo dos 25%, porque isso colocaria ela no mesmo andar em que estão todos os outros, distante da posição privilegiada em que está atualmente, ao ponto de ignorar debates.
O candidato da Frente Popular carrega o ônus e o bônus de ser o candidato do governo. Até agora, o ônus foi muito mais decisivo. Ele absorveu a rejeição acumulada das gestões socialistas de Paulo Câmara no estado e de Geraldo Julio (PSB) na prefeitura do Recife. O primeiro bem mais que o segundo. A primeira coisa é que ele precisa se livrar dessa rejeição. Se chegar a um segundo turno como o mais rejeitado da disputa, vai se encaminhar para uma derrota quase certa. O outro ponto é que ele precisa passar ao segundo turno e, para isso, tem que tirar votos de Marília Arraes. O ponto é o lulismo. Danilo precisa fazer com que os petistas enxerguem a candidata como alguém pouco confiável para representar Lula. Entenda o leitor, não se trata de argumentar que ela não está com Lula. Isso ele já tentou e essa guerra ele já perdeu. Danilo precisa mostrar que Marília está apenas usando o petismo e “quando o interesse dela for maior, vai trair Lula”.
Poucos nomes podem dizer que resistiram com tanta força quanto Raquel Lyra (PSDB) nesta eleição. O “derretimento” dela foi programado por analistas desde o início da campanha e nunca aconteceu de fato. Ela entra na última semana firme na disputa, dividindo o segundo lugar com os adversários. O problema de Raquel é a Região Metropolitana. Ela está muito bem na Zona da Mata e no Agreste, esta que é sua região, mas não consegue crescer na RMR o necessário para manter a posição. Raquel precisa intensificar a presença no Recife, principalmente, ou corre o risco de cair quando o voto do interior começar a ser atacado por candidaturas com maior estrutura na reta final.
O candidato de Bolsonaro tem pouco com o que trabalhar de novo. Terá que seguir apostando nos votos bolsonaristas e nos evangélicos. No entanto, os levantamentos internos têm mostrado que Anderson Ferreira (PL) não tem a hegemonia nesses campos. Ele esperava ter até 75% dos votos bolsonaristas, mas tem conseguido atrair apenas 50%. Entre os evangélicos, o candidato também sofre com a concorrência de outras personalidades locais ligadas à religião e que são suas adversárias no palanque e na igreja. Raquel e Miguel, por exemplo, mesmo sem serem evangélicos, atraem muitos votos nesse segmento.
É o maior problema de Anderson Ferreira. Miguel Coelho (UB) consegue reunir bolsonaristas e evangélicos, por causa do período em que o pai, Fernando Bezerra (MDB), foi líder de Bolsonaro e também pelos apoios de lideranças evangélicas que conseguiu conquistar. Além disso, tem uma das mais robustas estruturas da campanha, perdendo apenas para o PSB. O problema dele, e seu maior desafio, é não conseguir ultrapassar a “fronteira” do Sertão do São Francisco. As intenções de voto estão muito baixas no Recife. Ele tem dificuldades até no Sertão do Araripe, vizinho de Petrolina. E os programas eleitorais, que eram a esperança de coordenadores de sua campanha, não ajudaram. O desafio é conseguir passar segurança aos eleitores. Ele ainda não havia conseguido fazer isso. Além disso, precisa mostrar que tem olhar para todo o estado e parar de focar apenas em Petrolina. A candidatura é ao governo, não à prefeitura.
Confira abaixo os números do agregador de pesquisas do JC com a Oddspointer: