Thomas Hobbes, filósofo inglês, dizia que “qualquer governo é melhor do que a ausência de governo”. Em Pernambuco, hoje, uma adaptação dessa frase precisa ser feita: “qualquer debate é melhor do que a ausência de debate”. Hobbes explica em sua obra que a ausência de governo leva à anarquia e mergulha a sociedade no escuro e no medo.
A ausência de debate é um mergulho, igualmente, na escuridão e no desrespeito ao sistema democrático. Consequentemente, quando faltam aos debates reiteradamente, como fizeram outra vez na Globo, ontem, Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) desrespeitam o povo pernambucano.
Não se trata de discutir a estratégia dos candidatos. Que seja estratégia, que justifiquem com jogos e estatísticas a decisão direta de não comparecerem aos eventos em que poderiam ter sido testados, apoiando-se na frieza de uma maquinação eleitoral.
O problema, e é um problema sério, é que o pernambucano passou os últimos anos vendo sua história ser desenhada com apoio em estratégias eleitorais e matemáticas para garantir a vitória, nas urnas, de um grupo político que sempre fez questão de jogar esse jogo.
Há exatos quatro anos, um parlamentar conversava com este colunista e dizia que precisava ser aliado do governo do PSB para aproveitar a “tecnologia de votos” desse grupo. O resultado desse jogo está nos maiores índices de desemprego do Brasil entre os estados, nos piores índices de miséria e na ausência de competitividade em relação às outras unidades da federação. O atendimento em Saúde é ruim, a Segurança é capenga. E tudo é fruto dessa “tecnologia” que foge do debate democrático para usar táticas, estratégias e subterfúgios, disputando sem discutir, sem ser questionado.
E o que temos em 2022? Candidatos fugindo do debate. Pior, candidatos que se dizem oposição ao mesmo grupo que sempre foi beneficiado pelo uso de estratégias, táticas e subterfúgios eleitorais. No fundo, quando se ausentam, não de um debate, mas de todos os realizados até agora, os candidatos demonstram um desprezo sem tamanho com o eleitor, com o pernambucano. E assinam embaixo da teoria de que é melhor ter “tecnologia de votos” do que expor ideias que possam melhorar a vida dos pernambucanos.
E não é apresentar promessa em guia eleitoral controlado e bem produzido, mas colocar seu pensamento à prova, numa dinâmica de grupo em que adversários podem lhe apontar falhas e melhorar o resultado de suas propostas.
Não debater é fugir. Fugir do contraditório, fugir da possibilidade de mostrar que é capaz de enfrentar as pressões de um governo.
É, como disse Danilo Cabral (PSB), um dos participantes no debate da Globo, ontem, com mais uma ausência de Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL), “querer ser contratado numa entrevista de emprego para a qual você falta”.
Que ironia, a maior verdade sobre essas ausências ser dita por um representante do atual governo que os dois faltosos tanto criticam.
A verdade é que faltar aos debates, a todos os debates como eles têm feito até agora, é desprezo pelo eleitor, é medo do contraditório ou é apenas falta de confiança nas próprias ideias.
Mas, eles podem continuar dizendo que é estratégia, para fingir que é algo inteligente.
O cientista político Antonio Lavareda alerta: " A sociedade deve estar atenta e, especialmente, o TSE. Muito provavelmente a máquina da desinformação vai gerar confusão no dia da eleição. Pesquisas fake vendidas como boca de urna, que terão um propósito claro, sempre difundidas maciçamente nas redes sociais no fim da tarde do domingo”, explica.
Ele lembra que isso pode ocorrer, mesmo sem registro no Tribunal. “Seus números servirão de combustível para turbinar e legitimar a eventual insatisfação dos radicais com os resultados oficiais divulgados à noite", finaliza Lavareda.