Bolsonaro (PL) usa a linguagem do silêncio. E isso é preocupante, porque é covarde. Porque até para dar um golpe é preciso ter uma coragem que o presidente não tem e nem nunca teve.
A polêmica do dia seguinte à eleição, quando ele e Michelle Bolsonaro deixaram de se seguir nas redes sociais, deu-se porque ela pediu uma atitude dele com o filho, Carlos Bolsonaro, pediu que ele a defendesse e o presidente ficou em silêncio. Ela, então, deixou de segui-lo e a imprensa falou até em separação.
Agora, grupos de caminhoneiros fecham as estradas, num movimento golpista. Não há outra palavra para isso. Instituições sérias reconheceram a vitória de Lula (PT) e aliados bolsonaristas também o fizeram. O jogo democrático foi jogado “dentro das quatro linhas”.
Mas o silêncio covarde e oportunista de Bolsonaro atua como combustível para que a normalidade seja ignorada. O curioso é que no discurso bolsonarista antes do resultado da eleição, o MST é que iria ocupar estradas, atrapalhar a economia e o escoamento do agronegócio. No fim das contas, são os caminhoneiros que fazem isso?
Uma Polícia Rodoviária Federal aparelhada politicamente, precisou de ordem do STF para fazer seu trabalho e o chefe da corporação precisou ser ameaçado de prisão. Há o risco de que o Brasil tenha sérios prejuízos no setor que mais apoiou Bolsonaro, mas ele ficou calado. Não deu uma palavra para desmobilizar a movimentação golpista. E por quê?
O atual presidente é um oportunista aventureiro. É o tipo que deixa confusões ao seu redor acontecerem e arrisca ficar no meio do furacão para ver se, na desgraça de muitos, consegue levar alguma vantagem. Ele não tem coragem de dar um golpe, é covarde pra isso. Mas, se a confusão for muito grande e ele puder se beneficiar, por que colocar panos quentes tentando baixar a temperatura?
É assim com a mulher e os filhos, foi assim na pandemia e é assim no Brasil após a eleição que ele perdeu, sabe que perdeu, mas não quer admitir oficialmente enquanto houver alguém que possa se arriscar por ele nas ruas.
É por isso que o movimento de direita que se fortaleceu com o atual presidente deve sobreviver e é bom que sobreviva a essa eleição, mas o bolsonarismo, com esse nome, não.
Não existe espaço na História para os covardes, sejam mocinhos ou bandidos.