Cena Política: Quando a engenharia dá errado e você ainda acaba com um partido

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (04/11)
Igor Maciel
Publicado em 04/11/2022 às 0:01
ACM Neto Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


A derrota de ACM Neto (UB) na Bahia premiou com espinhos a estratégia que ele próprio construiu e que acabou com o DEM no Brasil.

Sim, acabou com o partido, porque em nome das verbas partidárias e eleitorais do PSL, o neto de Antônio Carlos Magalhães entregou a sigla para um liquidificador comandado por Luciano Bivar. O deputado pernambucano, que costumava ser um autocrata em seu próprio partido, vive tentando fazer o mesmo com o União Brasil e, se não consegue mandar da forma que gostaria, tem todas as ferramentas regimentais para atrapalhar quem ele quiser.

Mendonça Filho (UB) que o diga. O deputado eleito precisou brigar muito para receber alguma estrutura da sigla que, na época do DEM, era ele próprio quem controlava. Elegeu-se, mas sofreu.

ACM perdeu uma eleição considerada ganha porque entregou a chave do cofre esperando um melhor abastecimento dele e descobriu que estar com o chaveiro no bolso pode não ter preço.

Confiou também que essa estrutura seria suficiente para bancar uma estratégia que coube em Pernambuco, mas não cabia na Bahia. Ficar neutro na eleição mais polarizada da História do país deu certo aqui porque não havia governo do PT nem de Bolsonaro. Os baianos vinham de quatro governos petistas seguidos, com Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT), e todos muito bem avaliados.

Tem coisas que só dinheiro não resolve. O prejuízo ficou com quem estava no DEM e acabou obrigado a embarcar no bote comandado por Bivar, numa engenharia com interesse privado de ACM Neto.

Triste fim de um partido que já carregou Marco Maciel e foi carregado por ele, representando uma frente de liberalismo autêntico, hoje tão deturpada num país que se equivoca com frequência.

Que ACM aprenda com o erro, administrando suas consequências.

"Ronaldinho"

Um personagem dessa eleição, discretamente, foi o protagonista de um drible de corpo digno de Copa do Mundo. Eduardo da Fonte (PP) fez que ia, não foi e mudou a direção em seguida deixando todo mundo tonto ao redor dele.

O deputado elegeu a si próprio, elegeu o filho e ainda terminou a eleição ao lado da vencedora, Raquel Lyra (PSDB).

Há alguns meses, a conversa dentro do PSB é que não haveria votos para ajudar todos os aliados. Falava-se que só dois deputados da Frente Popular não precisariam de ajuda: Silvio Costa Filho (Republicanos) e Dudu da Fonte. O problema é que o segundo pretendia eleger também o filho, para o mesmo cargo de deputado federal. Os socialistas avisaram: “não temos como ajudar pra ele fazer dois”.

Da Fonte ensaiou então uma ida para o palanque de Marília Arraes (SD) e incentivou outros dois deputados da base, André de Paula (PSD) e Sebastião Oliveira (Avante), a fazerem o mesmo. Parecia que estavam indo todos juntos, num bloco fortalecido.

Quando os dois se mudaram e anunciaram apoio a Marília, Eduardo se voltou à Frente Popular novamente. E, dessa vez, havia espaço para ajudar. Uma parte da votação de Lula da Fonte (PP) veio dessa ajuda e do espaço que, agora, estava menos congestionado, com a saída de Sebastião e André.

Após o drible, Eduardo da Fonte resolveu que ainda precisava seguir em direção ao gol. Com a derrota de Danilo, observou o campo e apostou no caminho com Raquel Lyra. O resultado da partida foi o melhor possível para o deputado pernambucano. E com direito a baile.

Quase uma década

Lideranças de todas as regiões de Pernambuco vem trabalhando o nome da prefeita de Igarassu, Elcione Ramos (PTB) como uma personagem para oxigenar a Amupe, que é comandada pelo ex-prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), desde 2013.

Vale reforçar que a prefeita tem forte relação com a governadora eleita e é considerada uma aliada de primeira hora de Raquel Lyra.

As eleições da Amupe acontecem em fevereiro do próximo ano.

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