Uma frase muito repetida em Pernambuco, na semana que acabou, foi: “vamos aguardar a lista dos secretários”. Soava como um tipo de “voto de confiança” à governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) que preocupou a muitos com a equipe de transição formada, quase inteira, por ex-secretários de Caruaru.
Longe de duvidar da capacidade deles, e por isso o voto de confiança, mas a verdade é que 95% do estado não conhece o trabalho dos membros desse grupo. Alguns ali devem ser secretários depois, um tipo de núcleo duro da equipe que deve integrar o governo quando Raquel terminar de montar seu quebra-cabeças com as secretarias. Algo, sabe-se, muito difícil de fazer.
É natural que você busque pessoas de confiança para uma missão que exige confiança, como levantar os dados do governo. Paulo Câmara (PSB), do outro lado, escolheu como coordenador alguém considerado seu auxiliar mais fiel, testado e aprovado entre os labirintos do poder e, mais que isso, pessoa de seu círculo mais íntimo de amizade. Natural que Raquel fizesse o mesmo.
Mas, na sinalização para o público, para o mercado, para os eleitores mais ansiosos em confirmar que apostaram certo na urna, faltou uma boa chancela.
Um exemplo, apenas: bastava ter convidado uma figura com Mozart Neves para coordenar a área de educação, mesmo que ele não estivesse presente o tempo todo, mas apenas orientasse com algumas diretrizes. Um economista como Sérgio Buarque poderia dar um panorama sobre os desafios do estado. Algo que ele próprio já fez no lançamento do Levanta Pernambuco, na época em que Raquel colocou seu nome na estrada para a eleição. Ele foi o palestrante principal do evento que aconteceu na Livraria Jaqueira. E, para apontar caminhos inovadores na gestão pública, porque não contar com a experiência de um Sílvio Meira nesse processo de transição?
Eles teriam tempo para se reunir diariamente com a equipe? Certamente que não. Mas não se furtariam à contribuição. E, no fim do processo, mesmo que o indicado para qualquer pasta fosse um completo desconhecido, já começaria com uma chancela: “foi bem preparado na transição”.
Seria até mais fácil para começar a trabalhar.
Uma fonte no PSB alertou para algo na relação entre a governadora eleita e os socialistas que não é muito comentado, mas chama a atenção. Apesar de ter suas diferenças muito sérias com o atual governador, Paulo Câmara (PSB), a relação de Raquel com o prefeito do Recife, João Campos (PSB) seria muito pior. Essa fonte diz não saber o motivo e acredita que pode ter algo com o período em que ela foi do PSB e terminou praticamente sendo obrigada a sair, em 2016, porque queria ser candidata em Caruaru.
No caso de Marília Arraes (SD), sabe-se que a saída dela do PSB aconteceu após perda de espaço no partido quando Eduardo Campos impôs o nome do filho na sigla. Sobre Raquel, não se sabe se há algo assim da época ou se foi depois.
Fato é que vai ser um problema para João na tentativa de se reeleger prefeito do Recife em 2024. Há uma expectativa de que Priscila Krause (Cidadania) seja a candidata à prefeita do governo Raquel, no Recife. Daniel Coelho (Cidadania) também é citado.
O que não parece possível é qualquer acordo com João.
Caso a ideia seja, realmente, lançar Priscila Krause para disputar a prefeitura do Recife em 2024. A atenção para a Mesa Diretora da Alepe precisará ser redobrada, começando agora. Será preciso ter boa relação com a Casa desde já, porque na eventual falta de um vice no futuro, a linha sucessória passa por lá.
O que se comenta nos bastidores é que o grupo de Miguel Coelho (UB), que apoiou Raquel desde o primeiro momento do segundo turno, já teria suas preferências para ocupar um espaço na gestão, caso seja convidado para isso. Estão de olho na pasta de Desenvolvimento Econômico ou de Infraestrutura.
A equipe de Raquel sempre se mostra muito grata pelo apoio dos Coelho. Mas, não sinalizou muito ainda sobre os espaços disponíveis para recebê-los.