?>
Dizem que já na transição é possível definir que tipo de governo teremos pelos quatro anos seguintes. Em Pernambuco, a transição parece ser, até agora, um espelho da atuação de Priscila Krause (Cidadania) na Alepe e de Raquel Lyra (PSDB) em Caruaru. Uma mistura de planejamento em gestão com fiscalização de processos. Nada longe do esperado.
Na transição nacional, também, nada longe do que já era (ou deveria ser) esperado para uma gestão lulista. Grupo inchado, gente demais pendurada nos cabides, muita polêmica e espaços sendo negociados em troca de votos no Congresso.
A equipe de transição, que deveria ser um puxadinho com os integrantes se preparando para assumir a casa principal, virou um aglomerado de beliches e colchões espalhados pela sala. Pra fritar um ovo é difícil, porque tem gente dormindo até em cima do fogão.
A mais nova lista com nomes que vão integrar a transição é um exemplo de como funciona o governo do PT. Exemplo: nem a militância petista entendeu Alexandre Frota (Pros). O ator nem se reelegeu deputado federal. Aliás, nem disputou o cargo. Frota tentou não ficar desempregado se candidatando a deputado estadual em São Paulo. Perdeu, mesmo assim. Na classe artística é uma unanimidade: ninguém gosta dele. Mas ele está lá, como integrante da transição de Lula.
O motivo? É que até 31 de dezembro ele tem direito a um voto na Câmara Federal. E Lula precisa aprovar a PEC da Transição para tirar o Bolsa Família do teto de gastos. Não foi só ele. Dezenas de deputados com mandato e deputados eleitos foram convidados nessa leva. De Pernambuco, destacam-se Marília Arraes (SD) e André de Paula (PSD).
Conta-se uma história hilária envolvendo um parlamentar pernambucano e Tancredo Neves. Certa feita, esse personagem reclamou com Tancredo sobre um colega deputado de caráter duvidoso, de conduta antiética e defendeu que era preciso manter distância dele. Tancredo foi pragmático: “na Casa, o voto dele é igual ao seu”. Pode-se não gostar de Frota, mas ele tem um voto, igual ao dos outros. Isso conta para aprovar a PEC.
Mas, o problema não é ele. É o sinal que a transição está passando. Esse bonde lotado que virou o grupo prestes a assumir o Brasil é um indício de que Lula não aprendeu a fazer nada diferente em termos de negociação com o Congresso.
O problema de você negociar cedendo, sejam cargos ou convicções, é que o beneficiado sempre quer um pouco mais. Vinte anos atrás começou assim e terminou em Mensalão. E era só o início.
Por falar em Marília Arraes (SD), a deputada foi convidada para fazer parte da transição num grupo que discute desenvolvimento regional.
Ao contrário do que o nome sugere, o grupo não está trabalhando diretamente propostas para o desenvolvimento das regiões brasileiras. Objetivo é analisar contratos já firmados pelo atual governo para saber se estão corretos, se há alguma “armadilha”, etc.
Marília foi convidada na cota dos deputados aliados, indicados pelos partidos para reforçar a proximidade e garantir votação da PEC da Transição.
A proximidade, porém, pode servir para que Marília Arraes dê um tapinha no ombro de Gleisi Hoffmann (PT) e pergunte a ela como vai a relação dela com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). É que Gleisi pintou o diabo de Marília dentro do PT quando a pernambucana fez um acordo com Lira e venceu a eleição para um cargo na Mesa Diretora da casa.
Adivinhem, agora, quem Gleisi está tendo que agradar por causa da PEC da Transição: Arthur Lira.
É como se diz por aí: o mundo não gira, capota.
A chance de a representação do PL contra as urnas eletrônicas ter alguma sobrevivência dentro do TSE é próxima de zero. O presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes, tratou de fazer o partido cair na real, lembrando que se as urnas não prestaram no segundo turno também não prestaram no primeiro. Logo, o resultado do PL, que fez 99 deputados federais no primeiro turno, poderia acabar prejudicado.
A essa altura, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, é quem está torcendo para o documento ser arquivado.