Grandes casamentos começam a acabar nos pequenos atritos. Nas palavrinhas ditas na emoção que machucam e embaçam o horizonte. Há um conselho que todos os recém casados deveriam escutar: nunca ir dormir sem antes resolver alguma briga do dia, para não deixar cristalizar a indisposição.
Lula (PT) já está no terceiro casamento, aparentemente feliz. Com Marisa Letícia a união durou mais de 40 anos. Alckmin (PSB) é casado há 43 anos também. Ambos sabem como isso funciona.
Por mais que compartilhem os mesmos ideais, pensamentos e preferências sobre como a cama deve ser forrada ou sobre o lugar da toalha molhada após o banho, casamento é a união entre duas diferenças que podem ou não conviver.
Por isso, é natural que o PSB e PT briguem. Sim, eles estão começando a discutir já na transição. Os recém casados estão tendo atritos. Socialistas querem mais espaço no governo e petistas brigam para reduzir a participação do principal aliado, que emprestou o vice à chapa.
Desde o início da transição, Alckmin tem trabalhado muito em Brasília e Lula tem viajado bastante. Com a distância, surgem os problemas.
O PSB quer que Flávio Dino (PSB) seja ministro, mas que não entre na cota do partido. O PT quer colocar Dino como indicação do PSB. Os socialistas querem mais dois ministérios, fora o do ex-governador do Maranhão, um para Márcio França (PSB) e outro para Paulo Câmara (PSB).
O PT, no meio da emoção, soltou aquele argumento que gera uma crise no casamento por muito tempo: “vocês fizeram uma bancada de 14 deputados e estão querendo exigir?”. É como um chamar o outro de “gordo”. Magoa.
Ninguém imaginou que a harmonia num palanque com um tucano dentro de um partido socialista, aliado a um grupo petista que pretende atrair o centrão fosse durar por muito tempo.
Mas é bom ter cuidado e não ir dormir sem uma boa conversa. Ou o casamento pode se complicar.