Qual o maior desafio de Raquel na formação do governo? E a profissão brasileira de "manifestante"

Confira aqui a coluna Cena Política deste domingo (11)
Igor Maciel
Publicado em 11/12/2022 às 0:01
Governadora eleita, Raquel Lyra Foto: Janaína Pepeu


Raquel Lyra (PSDB) diz que já tem alguns nomes na cabeça para a formação do secretariado. Quem a conhece sabe que ela tem uma ideia muito maior do que será o governo do que apenas “alguns nomes”.

E tem também alguns desafios para enfrentar na ocupação de certos cargos. A informação é que ela já está conversando com alguns partidos sobre o trabalho que será feito em 2023 e, nessas conversas, tem pautado a necessidade de uma gestão bastante técnica. É algo importante se você considerar a quantidade de gente que ocupa pastas na administração pública e não conhece nada sobre o funcionamento dela.

Em Pernambuco, ao longo das últimas duas décadas, houve casos de secretário de Agricultura cuja maior experiência com o setor era comer salada no almoço.

Ou secretário de Ciência e Tecnologia cuja maior experiência na área era usar um smartphone. E olhe lá.

Mas na formação do secretariado dá pra atender a política e compensar com equipes técnicas que consigam manter a pasta funcionando.

Um problema que tem dado dor de cabeça e ainda vai render são as estatais. Órgãos como a Companhia Pernambucana de Gás, a Compesa e o Lafepe são desafios que precisam ser enfrentados com soluções técnicas e não políticas.

Além dessas, há também a Cepe, Suape, Perpart, Empetur e Adepe, entre outras.

A maioria delas precisa ser superavitária, precisa dar lucro ou, no mínimo, empatar. Caso contrário, podem perder o sentido. Para garantir o bom funcionamento e os bons resultados, é muito importante encontrar técnicos confiáveis que entendam de cada um desses setores. Isso não se encontra fácil debaixo da asa de algum presidente de partido político interessado, mas no mercado privado.

E aí vem outro desafio que é tornar as vagas competitivas para quem hoje está no setor privado. Muitos reclamam que os salários no governo não compensam. As remunerações são baixas inclusive para a governadora, a vice e os secretários.

Priscila Krause (Cidadania), por exemplo, vai ganhar menos como vice-governadora do que ganhava como deputada estadual, mas ela já aceitou a missão ao se candidatar para ela.

No caso dos outros cargos, encontrar gente interessada na missão e não em vantagens pouco republicanas que compensam os baixos salários não é algo fácil.

Será um grande um desafio para quem precisa ter mais resultado prático e menos política numa gestão. 

Marília também?

Além de José Múcio, já anunciado como ministro da Defesa, e Luciana Santos (PCdoB) que está sendo cogitada para uma vaga no ministério de Lula, nas últimas horas o nome de Marília Arraes (SD) começou a circular nos bastidores.

Ela seria a indicação do seu partido, o Solidariedade, caso surja o espaço para a sigla. Esse espaço deve existir, porque o Solidariedade apoiou a candidatura lulista desde o início, mas muitos petistas acreditam que Paulinho da Força, presidente do SD, teria que indicar outro nome.

Depois de todas as brigas com o PT, incluindo a presidente nacional Gleisi Hoffmann (PT), a pernambucana teria dificuldades para ser aceita, segundo uma fonte que participa da transição. “Só se Lula interferir diretamente e determinar que seja ela”, conclui.

Se precisar trabalhar, não dá

A diplomação de Lula acontece amanhã, em Brasília. Muitos acreditam que os bolsonaristas em frente aos quartéis vão começar a desistir e voltar para casa. Não é tão simples. Enquanto estiverem sendo financiados, continuarão lá, inventando novos prazos para justificar a “luta”.

Quem também fazia isso? Os manifestantes que o PT carregava de ônibus para lutar contra o impeachment de Dilma (PT) em Brasília.

A diferença é que saiu o pão com mortadela e entrou o churrasco, mas o sistema é o mesmo.

Em Brasília, na votação que poderia ter cassado Michel Temer (MDB), em 2017, um homem se amarrou à placa do TSE e afirmou em entrevista a este colunista que só sairia quando Temer não fosse mais presidente.

Sem apoio, sem comida e sem bebida, posou para fotos e foi embora 30 minutos depois, porque “precisava trabalhar no dia seguinte”. Temer ficou na presidência mais um ano e meio.

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