Pelé já parou uma guerra. Aconteceu na Nigéria, em 1969, quando uma visita do Santos, com o Rei do Futebol, para uma partida amistosa, teria garantido um cessar-fogo na Guerra de Biafra, um conflito civil daquele país.
Também é clássica a imagem de uma rua no México, no centro de Guadalajara, em que um cartaz avisa: “Hoje não trabalhamos porque vamos ver Pelé”. Era o dia da final da Copa de 70, na qual o Brasil foi tricampeão.
É, portanto, perfeitamente compreensível que Raquel Lyra (PSDB) tenha interrompido o anúncio de seu secretariado ao saber que Pelé havia morrido. Deu tempo de liberar apenas a escalação inicial do time. Difícil dizer como será o perfil dos próximos convocados, mas o que apareceu até agora agrada muito.
Há bons jogadores na equipe, bons em suas áreas e de competência reconhecida. Se todo o secretariado for assim, cai por terra a preocupação que havia sobre a gestão não ter lastro para enfrentar as dificuldades que irão se impor.
Reduziu-se, também, a preocupação de a equipe ser um espelho de Caruaru e nada além. Somente uma ex-secretária da gestão municipal, Simone Benevides, entrou.
Carla Patrícia assumir a Secretaria de Defesa Social é uma das melhores notícias da lista. Não apenas por ser a primeira vez que uma mulher assume este cargo, mas pelo perfil dela.
A delegada da Polícia Federal, que chegou a ser superintendente em Pernambuco e tem 20 anos de carreira, é comunicativa, conciliadora e quem trabalhou com ela diz que é obstinada por resultados.
Assume a área onde mais se aguardam ações de curto prazo para devolver alguma sensação de segurança à população.
Silvério Pessoa na Cultura é a certeza de que uma pasta tão importante dentro de um estado respeitado por suas manifestações culturais populares será tratada com o olhar de quem vive nesse ambiente e sobrevive disso também.
Raquel resolveu três problemas com a escolha de Daniel Coelho (Cidadania) para o Turismo: o dele, o dela e o da Alepe.
Explico: Seria injusto dizer que Daniel não foi importante na vitória da governadora. O sacrifício dele envolveu até sua não reeleição, embora tenha tido mais de 130 mil votos, por causa de alterações que a então candidata fez na chapa. Ela precisava contemplá-lo e cumpriu.
Daniel, para seguir na carreira pública e manter seu nome em evidência, precisava de uma secretaria que tivesse alguma visibilidade e lhe entregasse um desafio, oferecesse a oportunidade de se destacar. O Turismo de Pernambuco capenga há anos. Desafio não vai faltar.
Resolve também o problema dos deputados estaduais, porque havia uma certa apreensão com a possibilidade de Daniel cuidar da articulação política do governo com a Casa.
Aliado a isso, a escolha de Eduardo Loyo para a Empetur pode (ou, ao menos, deve) marcar uma mudança no perfil de atuação do órgão. O potencial do Turismo de Negócios no estado é mal explorado. O escolhido tem tudo para redirecionar as ações.
Regina Célia é ativista no enfrentamento à violência contra mulheres e atua nesse sentido em várias frentes, desde a academia e até na OAB. Sua escolha para a secretaria da Mulher é um grande acerto.
Para o desafio de reduzir o déficit habitacional do estado, na pasta de Desenvolvimento Urbano e Habitação, a escolha de Simone Benevides, que todo mundo acreditava estar destinada à Fazenda, surpreendeu, mas tem sua razão: Simone foi secretária da Fazenda em Caruaru, mas é concursada da Caixa Econômica há 20 anos. Entende como poucos os caminhos que se deve percorrer no banco para garantir financiamento público na área de habitação.
Completando a lista de primeiro escalão está Rodolfo Costa Pinto, na Comunicação. Costa Pinto é um especialista em estratégia, em política e em comunicação, trabalha com pesquisas e comportamento há muitos anos. Tem muito a contribuir para a área e terá a essencial ajuda de Daniella Brito, como sua executiva, que atuou na campanha e atendeu à imprensa com presteza no período eleitoral e na transição.
E se a habilidade desses jogadores em cada setor é comprovada. Importante dizer que a base técnica deles também é vistosa. Nenhum desses indicados têm menos do que um MBA em suas áreas, quase todos têm mestrado e dois são doutores. Os presságios são bons, aguardemos o restante da lista.
A confirmação de que o União Brasil fará parte do governo Lula (PT), com ministério e tudo o que tem direito, deixou uma dúvida sobre o pernambucano Mendonça Filho (UB).
O deputado pleiteava a liderança do partido na Câmara Federal e estava bem cotado, mas o cenário era outro, com a sigla posta na oposição. Mendonça tem uma trajetória de oposição ao PT bem marcada.
Depois que Luciano Bivar (UB) foi até citado em discurso de agradecimento pelo presidente eleito, por ter levado o partido para a base do governo petista, como fica Mendonça? Segue a ideia de ser líder da bancada, agora aliado ao PT?