Dois pernambucanos estão entre os cotados para assumirem a relatoria do projeto do Arcabouço Fiscal, apresentado na última quinta-feira (30) por Fernando Haddad (PT).
Silvio Costa Filho (Republicanos) e Mendonça Filho (UB) têm seus nomes ventilados nos bastidores para atuarem na função, importante, dentro da Câmara.
Relatores se destacam por coordenar as discussões que levam, ou não, à mudanças nos textos dos projetos. O relatório é importante para indicar a aprovação ou não de cada matéria.
A posição dá um certo prestígio ao deputado escolhido, porque ele começa a ser procurado para dar entrevistas em veículos nacionais numa frequência de “dia sim e dia também”, caso o assunto seja de grande interesse.
É o caso do Arcabouço que deve instituir um novo teto de gastos para a União.
No caso de Mendonça Filho, a relatoria foi prometida a ele por Arthur Lira (PP), ainda na época em que se discutia a eleição da Mesa Diretora. Mendonça pretendia se lançar candidato à presidência e Lira negociou para que ele desistisse. Em troca, teria prometido a relatoria do projeto do arcabouço, ainda a ser apresentado pelo Governo Federal.
Depois, os petistas que sabiam desse acordo começaram a fazer pressão. Querem evitar Mendonça, porque sabem que ele será crítico em relação ao texto e temem que ele faça muitas alterações na proposta. Mendonça foi ministro da Educação no governo Michel Temer (MDB) e é muito amigo do ex-presidente. Temer tem muito orgulho, dentre outras coisas, de o teto de gastos (sendo, agora, substituído pelo Arcabouço) ter sido criado em sua gestão, como limitador e disciplinador para os gastos públicos.
A maior preocupação é que Mendonça imponha regras mais rígidas para as despesas do governo Lula (PT), nos moldes do teto.
O presidente atual espera aumentar as despesas, como estratégia para reaquecer a economia.
Já Silvio Costa Filho (Republicanos) é uma indicação direta do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos), que já deixou isso explícito em algumas ocasiões em que esteve com Lira e conversaram sobre o assunto.
Silvio é de um partido que apoiou Bolsonaro (PL) nas últimas eleições, mas é apoiador de primeira hora de Lula em Pernambuco. Por isso, pode ser mais palatável aos petistas.
Além disso, é bastante próximo do próprio Arthur Lira dentro da Câmara e há quem acredite que isso vá pesar na hora da decisão final.
Além dos pernambucanos, o PP de Lira também está pressionando para ter a relatoria com algum deputado do próprio partido. A concorrência é grande.
A coluna já alertou aqui, algumas vezes, que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), não pode confiar no apoio do PT, com tanta antecedência, para a reeleição em 2024. Ter colocado petistas no governo não garante nada e o fato histórico de que o PT sempre teve candidatos à gestão da capital, desde a criação da sigla, deveriam fazer o filho de Eduardo Campos ficar mais atento.
Se esse histórico ainda não for um bom aviso, a declaração de alguns petistas, esta semana, afirmando que não tem apoio garantido ao PSB para 2024, talvez seja suficiente. Já há quem defenda, entre os petistas, a candidatura do deputado estadual e ex-prefeito João Paulo (PT), por exemplo.
Visitas de chefes de estado precisam de uma equalização entre agendas que não é fácil de resolver. As atribuições de Xi Jinping são numerosas e as de Lula também. Por isso, é de se observar com atenção o fato de os chineses terem aceitado imediatamente a nova data proposta pelo governo brasileiro para o encontro entre os dois presidentes.
Lula cancelou a agenda que faria alguns dias atrás por causa de um problema de saúde. O ministério das Relações Exteriores brasileiro propôs o dia 11 de abril como alternativa e a China confirmou imediatamente.
A “pressa” chinesa, que certamente precisou remanejar compromissos do governo para receber Lula nesta data, demonstra uma certa ansiedade para fechar acordos com os brasileiros. E isso não passou despercebido.
Apesar de ter sido recepcionado com todas as honras pelos EUA, em fevereiro, Lula não voltou do encontro com Joe Biden trazendo nada de concreto, apenas promessas. Já na China, as perspectivas são bem maiores.