Dizer que alguém “acabou” na política é algo carregado de significado histórico e superstição. Muita gente disse que Lula (PT) havia “acabado”, quando ele foi preso. O mundo deu cambalhotas, saltos mortais, imortais, jurídicos, e o líder petista voltou à presidência. No passado, Miguel Arraes chegou a dizer que “Marco Maciel estava acabado, junto com o PFL”. Marco Maciel virou vice-presidente da República pouco tempo depois e o PFL dominou a política nacional por mais oito anos depois daquilo.
Quem trabalha em saúde costuma repreender qualquer um que solte a frase “o plantão está tranquilo”. Dizem que a tranquilidade vai pelos ares e a emergência fica lotada logo depois. Dá azar.
Na política, dizer que alguém está acabado é como roubar-lhe as pantufas, suspender a sopa e cancelar sua aposentadoria imediatamente. O sujeito volta com mais força.
Ninguém acaba para a política, a não ser que esteja morto. E alguns, ainda mortos, elegem mais uns dois ou três antes de perderem força de verdade.
Então, quando a governadora Raquel Lyra (PSDB) diz, como disse no Roda Viva, que “o PSB de Eduardo Campos acabou”, é importante ter cautela.
É bom analisar a fala em si, exatamente como foi pronunciada. Disse Raquel: “Aquele PSB com o governo feito por Eduardo, transformador e que chegou na educação, que virou referência para o Brasil, que mudou a saúde de Pernambuco e depois andou para trás, que foi referência na questão da economia e do combate a violência. Aquele não existe mais”.
A governadora não disse que o PSB acabou, mas que o grupo do qual ela participou como secretária se deteriorou. O que, convenhamos, não é nenhum absurdo. Ela tem razão e até o PSB concorda.
Caso contrário, os socialistas que acordaram, na terça-feira (27), sentidos, magoados, lançando nota para dizer que o partido segue firme e forte, poderiam explicar o motivo de terem escondido Geraldo Julio (PSB) nas eleições de 2020, Paulo Câmara (na época no PSB) nas eleições de 2022 e , depois, terem abandonado o mais recente candidato do partido, Danilo Cabral (PSB). Como se eles fizessem parte de um período que a sigla quer esquecer.
A verdade é que, nos últimos oito anos, nem o PSB costuma mostrar muito o PSB. O orgulho socialista é exatamente o período de Eduardo Campos, mas esse também foi elogiado pela governadora. Então, a manifestação com nota e repúdio acaba soando exagerada.
O que faltou Raquel responder, sim, foi a pergunta final sobre qual PSB o prefeito do Recife, João Campos (PSB), representa, nessa divisão observada por ela.
A gestora disse apenas que ia “deixar a resposta para os analistas políticos” e se limitou a afirmar que respeitava João pela posição dele como prefeito.
A precaução, talvez, tenha sido não enquadrá-lo num “PSB que acabou”, já que isso dá azar, nem admitir que ele é um prosseguimento do pai, a quem ela tinha elogiado indiretamente antes.
Estrategicamente pode ter acertado, mas a resposta ficou no ar.
João Campos (PSB) é um híbrido entre a escola do pai e um ambiente político que nem caberia na época de Eduardo.
É de um anacronismo quase imoral fazer o que marqueteiros políticos fazem em campanhas tentando passar a ideia de um sangue que corre nas veias de avô, pai e filho como se alguém fosse bom gestor por DNA.
Até agora, o prefeito do Recife conseguiu aliar, com mérito próprio, um dinamismo na administração municipal, ao modo Eduardo, com uma articulação política adaptada aos novos tempos em que os legislativos pelo Brasil se entrincheiram num discurso falso de independência enquanto sangram cofres públicos por mais verbas e no qual a informação circula com rapidez avassaladora pelas redes sociais.
João é exatamente isso, uma adaptação entre o PSB que acabou e o dos últimos anos, contemporâneo, que os socialistas preferem esconder.
Mas João está, aos poucos, tentando fundar algo novo. A eleição de 2024 pode consolidar ou enterrar o projeto dele. As urnas dirão.
O presidente da OAB-PE, Fernando Ribeiro Lins, manifestou repúdio contra a decisão que condena uma advogada de Petrolina a pagar R$ 10 mil de indenização, por danos morais, a um juiz, em decorrência da gravação de um diálogo entre ambos.
O STF e o STJ consideram o ato da gravação como lícito.
O conteúdo gravado pela advogada foi posteriormente levado à Corregedoria de Justiça do TJPE e teve como finalidade comprovar a falta de prestação jurisdicional.
“A linha de argumentação adotada na sentença revela uma postura corporativista incompatível com os altos deveres da magistratura”, disse o presidente da Ordem.