O governo do Estado perde muito, muito mesmo, com a saída da secretária de Defesa Social, Carla Patrícia, de seus quadros. A delegada da Polícia Federal é extremamente hábil em lidar com os mais diversos públicos da heterodoxa pasta que costuma moer bons secretários.
Carla Patrícia vinha se mostrando ativa, rápida para dar respostas e, ao que se sabe, costumava ser muito mais ágil nas resoluções do que a burocracia e a política costumam ser no atual governo.
Motivos
Ao sair, Carla Patrícia alegou "motivos pessoais", sem muitos detalhes. Os motivos pessoais para que alguém tome uma decisão assim podem ser internos ou externos ao governo.
Nos bastidores, fala-se que o problema é dentro, sim. Há relatos de que era difícil para a secretária até conseguir audiência com a governadora, mesmo para resolver questões de certa urgência.
O roteiro de desgaste é bastante parecido com o que teria ocasionado o pedido de exoneração de outro bom secretário, na semana passada: Evandro Avelar, da Infraestrutura.
Mais?
Os nomes de ao menos outros dois secretários do governo Raquel circulam como possíveis novas exonerações. Além de Carla Patrícia. Os motivos são diversos, mas o que se comenta é que as demissões podem ocorrer nos próximos dias.
Até agora, já saíram os titulares da Cultura, da Mulher, da Infraestrutura e também do Desenvolvimento Agrário. Se mais dois secretários pedirem as contas, como se tem especulado, chegaremos a quase um terço de todo o secretariado sendo modificado. Em oito meses.
Bicicleta e caminhão
Lição antiga que não sai de moda na política, embora muita gente a esqueça: quando precisar mudar, junte e mude tudo de uma vez. Não se pode lidar com a crise carregando os problemas em várias viagens, num bagageiro de bicicleta. É cansativo.
Você lida corretamente com as crises usando um caminhão e dando viagem única e definitiva.
Em resumo, para ficar bem entendido: é melhor convocar uma reunião, entender da equipe o que está acontecendo e fazer logo uma reforma no secretariado, se for o caso, do que administrar uma demissão por semana, como está acontecendo.
Arcabouço
Desde que a expressão "Arcabouço Fiscal" começou a ser utilizada pelo governo Lula (PT) chamava-se atenção aqui para a estranheza desse nome, que ninguém entende direito o que é. O objetivo era esse mesmo: que ninguém entendesse.
No Congresso, tentando amenizar a impressão de que estavam aprovando algo relacionado a um filme do Indiana Jones, os deputados mudaram o nome e chamaram de Regra Fiscal. Mas chamar de "teto" estava e está proibido.
Limite
Na prática, trata-se de um substituto para o "Teto Fiscal", tão criticado pelos petistas em campanha. Mas não dava para chamar de "teto" aquilo que você já fazia com a intenção de desrespeitar. Acreditemos ou não, até a narrativa petista têm limites.
Tem método
Há método para o uso da palavra "Arcabouço" pelo governo. É que se você chama de "Teto de Gastos", todo mundo sabe que algo está errado quando você aumenta o número de ministérios e resolve gastar mais, apenas para acomodar o centrão no governo, como está acontecendo agora.
Já que não há justificativa plausível para gastar mais e sustentar 38 pastas numa esplanada de ministérios que só tem 17 prédios, enquanto o trabalhador economiza centavos em casa para pagar as contas, quanto menos o povo entender o que é o "arcabouço" melhor.
Prejuízo
A Proposta de Emenda à Constituição apresentada ao Senado para modificar as regras sobre a candidatura de militares tem grande apoio dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O Ministério da Defesa, comandado pelo pernambucano José Múcio, também apoia a ideia.
O objetivo é distanciar novamente os militares da política. Todos consideram que o prejuízo da aproximação que aconteceu durante o governo Bolsonaro (PL) é brutalmente maior do que o benefício.
Lobos
Mas, há quem diga também que o apoio dos militares à PEC é parte do acordo que levou a CPMI em curso no Congresso a garantir que vai tratar os crimes cometidos por militares, no âmbito do 8/1, como ação de "lobos solitários", sem culpar a instituição.
Ser ministro pode
Originalmente, a proposta previa que os militares perderiam o cargo não apenas quando se candidatassem a cargo eletivo, mas também quando fossem convidados para assumir ministério. Essa segunda parte, provavelmente, vai cair antes de ser aprovada.