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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O ministro Haddad é mais importante que a "meta zero do ministro Haddad"

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (31)

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Igor Maciel

Publicado em 30/10/2023 às 20:00
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. - RICARDO STUCKERT

O problema da declaração de Lula (PT), contrariando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre a meta fiscal para 2024, não está em dizer que déficit zero não é necessário.

“A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para esse país”, afirmou, abrindo uma crise com a própria equipe econômica.

O problema está no sinal que isso transmite ao mercado.

Lula está certo…

O problema da resposta de Haddad, dizendo que “vai continuar trabalhando pela meta zero”, independente do que o presidente Lula diz, não está na perseguição de uma meta que todo mundo sabe que é irreal.

Porque, sim, Lula está certo quando diz que todo mundo sabe que isso não será possível. O mercado já espera um déficit de 0,2% ou até 0,8% na meta. Então, o drama não está aí.

O problema da fala de Haddad é a certeza de que ele resolveu apoiar sua própria equipe e peitar o chefe.

… mas está errado

Se o mercado já sabia que a meta para 2024 não ficaria em zero e que haveria déficit, por qual motivo a bolsa despencou e o dólar subiu? É que se o déficit já era esperado, uma crise entre a equipe econômica e a presidência não era.

Até agora, o que se imaginava era que os bons sinais dados por Fernando Haddad estavam em sintonia com o chefe dele. Pelo jeito, não é bem assim. A economia entende que se não tiver apoio de Lula, Haddad não conseguirá trabalhar.

Lula erra ao contrariar o ministro. O mercado não está preocupado com a meta de Haddad, mas com o compromisso de Haddad para perseguir o impossível.

O resultado, com déficit, já está precificado por todos. A intenção, como símbolo de responsabilidade dessa gestão, é que não pode se perder.

É mais fácil confiar em alguém que luta para manter a barraca erguida, porque sabe que se abrigar da tempestade é importante, do que em alguém que não acredita em barracas.

Abre espaço…

Se Haddad não puder trabalhar, os petistas com noção de mundo enviesada vencem em sua briga para enfraquecer o ministro da Fazenda no governo, usando um fiasco econômico como argumento. O mercado, essa entidade “gananciosa” da qual se queixa Lula sempre que pode, tem a estranha mania egoísta de querer que o Brasil cresça e tenha as finanças equilibradas. É um “pecado” para boa parte do petismo.

O certo para esses petistas é a canalhice revestida de altruísmo que quebra um país inteiro para enfraquecer um desafeto, apenas para ter mais poder partidário e ainda chama isso de distribuir riqueza.

…à cretinice

Se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, perde força na gestão e deixa de contar com a confiança irrestrita do presidente Lula, como pode estar acontecendo, os cretinos fundamentais desse governo, e há cretinos fundamentais em todos os governos, podem dar seus gritos com mais vigor, mesmo que o país perca estabilidade, gaste muito mais do que arrecada e comece a repetir as bobagens feitas nas administrações petistas anteriores.

É um risco que a bolsa já “percebeu”.

Os donos de SP

O PSD elegeu 65 prefeitos nos 645 municípios de São Paulo em 2020. Hoje, após uma série de filiações de olho na disputa de 2024, o partido de Gilberto Kassab tem 329 prefeituras. O crescimento é de 500%.

O PSD tem, atualmente, o domínio total de um patrimônio que já foi do PSDB e sempre serviu de base para que os tucanos disputassem eleições nacionais com um protagonismo de fazer inveja. Isso acabou.

Carcaça

O PSDB é um nanico até dentro de seu habitat e o futuro nacional não agrada e nem anima. A impressão é que Eduardo Leite (PSDB) e Aécio Neves (PSDB), que brigam para ver quem comanda o partido no futuro, estão duelando por uma carcaça cujo brilho já desbotou há muito tempo.

Raquel

É o contexto do PSDB o que transforma a saída de Raquel Lyra (PSDB) da sigla numa certeza quase gravada em pedra. Resta saber para onde ela vai, quando for.

O PDT foi oferecido, mas não será fácil para ela ter o controle do partido em Pernambuco ou ficar dependendo de Wolney e José Queiroz, que controlam a sigla por aqui e com os quais a relação nunca foi muito estável, apesar de ambos serem muito leais politicamente.

Surge aí o PSD.

PSD

André de Paula, que comanda o PSD em Pernambuco, é fácil de lidar e até poderia ficar na presidência da sigla que, ainda assim, sabe-se com certeza, seria leal à governadora, porque é de sua natureza e de sua formação.

A vantagem em relação ao PDT é que André não tem histórico de disputa política com a governadora.

A aposta maior nos bastidores, hoje, é que Raquel ingressa no PSD para se aproximar ainda mais de Lula nacionalmente.

PDT

Mas um acordo deve acontecer beneficiando também o PDT. O partido deixaria a base de João Campos e iria para a da governadora. Em troca, ela pode apoiar um dos queiroz em Caruaru e um outro nome do partido no Recife.

Se isso acontecer, toda a conjuntura eleitoral de 2024 seria alterada.

A decisão enfraqueceria Rodrigo Pinheiro (PSDB) na disputa pela reeleição na Capital do Agreste e abriria um flanco na liderança inconteste, até agora, de João Campos. O PDT, é bom lembrar, ocupa a vice-prefeitura do Recife.

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