O caminho que as eleições de São Paulo estão tomando é um retrato de como, possivelmente, estará a eleição de 2026 na maioria dos estados e no plano nacional.
Até agora estão se configurando três vertentes muito claras. Uma é da esquerda ligada a Lula, outra de uma esquerda “alternativa” e a terceira de uma direita bolsonarista.
É possível que haja, em breve, a disposição de um nome mais ao centro, representando uma direita com o argumento mais ameno ao radicalismo que os bolsonaristas abraçaram em 2022. Mas isso não é certo ainda.
Aponta cenários
São Paulo é a base política mais importante do Brasil. O PSDB minguou no resto do país, mas só perdeu protagonismo realmente quando se perdeu entre os paulistas. O espaço foi ocupado em parte pelo bolsonarismo, mas o PT que já havia feito prefeitos na capital, segue tendo bastante força entre os paulistanos.
A campanha de 2024 pode ser um divisor de águas para dizer quem já chega com vantagem em 2026 e o cenário que se forma por lá é revelador.
Polos
O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), conseguiu o apoio de Bolsonaro e vai tentar fugir da rejeição ao ex-presidente (alta na capital) argumentando que em sua base também estão cinco partidos que fazem parte do governo Lula (PT).
Já o atual presidente vai indicar Marta Suplicy (PT) como vice de Guilherme Boulos (PSOL), o favorito nas pesquisas de hoje. O lulismo e o bolsonarismo continuam na moda eleitoral.
Tabata
Correndo por fora, mas não tanto assim, está o PSB de Tabata Amaral. A deputada lançará sua pré-candidatura, nesta quinta-feira (25), em cima da laje da casa em que cresceu. O ato vai reunir o vice-presidente da República e José Luiz Datena, cotado para ser seu vice.
O ato, na periferia, será marcado pelo discurso da parlamentar, voltado para a educação e para o social, mas extremamente realista sobre a ineficiência do estado e sobre a necessidade de modernizar os processos com a parceria de entes privados nas gestões.
Atenção
Haverá espaço para uma centro-direita ou Datena como vice de Tabata resolve isso? É a dúvida que ainda existe por lá. É também a dúvida que ficará para a eleição de 2026.
Outra coisa: se o voo solo do PSB não der certo em São Paulo e Boulos não for eleito. O PT vai pressionar o PSB e todos os outros aliados a seguir debaixo de seu guarda-chuva, sob risco de o “bolsonarismo voltar”. Seria uma reedição da pressão que houve em 2022 para que todo mundo se rendesse ao PT.
A eleição de São Paulo vai apontar os argumentos para a próxima campanha. E, por isso, são necessários olhos atentos do Brasil inteiro para lá.
Eminência
Geraldo Julio (PSB) nunca foi cotado como candidato a vice de João Campos (PSB), mas teve gente que comprou o cochicho de bastidor criado como parte da negociação entre PSB e PT. Geraldo tem bastante influência na articulação política do prefeito, sim, e alguns chegam (com exagero imenso) a chamá-lo de “eminência parda” no Recife.
O apelido não encaixa porque o poder dele não é tão grande quanto o que tinha o frade François Leclerc du Tremblay, que deu origem à expressão entre os séculos 16 e 17, no reinado de Luís XIII. E nem João Campos tem o perfil do cardeal Richelieu, a quem Leclerc assessorava. Mas a influência existe.
Dom
A Universidade Católica de Pernambuco entrega, nesta quinta-feira (25), o título de doutor honoris causa ao cardeal português Dom José Tolentino de Mendonça. Dom Tolentino é apontado, atualmente, como um dos nomes mais fortes para suceder ao papa Francisco, quando isso for necessário, e tem bases pernambucanas numa amizade sólida com o casal José Paulo Cavalcanti Filho, jurista, membro da Academia Brasileira de Letras, e Maria Lecticia, que faz parte da Academia Pernambucana de Letras.
Dona Lecticia, aliás, é autora de um dos livros mais belos produzidos nos últimos anos, em imagens e conteúdo: A Mesa de Deus. A sugestão para o trabalho de pesquisa que originou o livro dela veio de Dom Tolentino, que está por estes dias no Recife.