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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Um governo que começa a entregar e vai precisar saber comunicar isso

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (21)

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Igor Maciel

Publicado em 20/02/2024 às 20:00
Raquel Lyra e Priscila Krause - Gabriel Ferreira/ Jc Imagem

Raquel Lyra (PSDB) está disposta a transformar em realidade toda a sua argumentação apresentada no fim do ano passado sobre como seria 2024 para a gestão estadual. Na época, no balanço de fim de ano da Rádio Jornal, a governadora admitiu que 2023 tinha sido um ano de arrumação, de reestruturação financeira e de governança, mas que a partir de agora teríamos realizações. É preciso admitir que, por enquanto, isso está acontecendo.

Começando

O impacto de algumas medidas ainda será medido, a depender da comunicação que for feita. A redução nos boletos do IPVA chamou a atenção, uma maior estabilidade na relação com a Alepe também é algo a se destacar, ao menos neste início de ano.

Mesmo que os dados sejam questionados, por causa da quantidade de dias do carnaval ter sido diferente de 2023, a redução em 17% nos homicídios durante os festejos é um ponto também positivo. Esta semana, mais uma vez, a governadora estava presente à reunião de monitoramento da segurança.

Isso era algo que vinha sendo cobrado há muito tempo, porque era comum no Pacto pela Vida quando Eduardo Campos foi governador.

Passagem

Por falar em Eduardo Campos, uma promessa nunca cumprida do PSB desde a primeira década deste século está para ser cumprida, mas não pelos socialistas. É a governadora Raquel Lyra quem anuncia agora o bilhete único para o transporte de ônibus no Recife e garante que as passagens não terão o aumento de quase 23% que era esperado.

Paulo Câmara prometia isso desde a campanha de 2014, ficou oito anos no cargo e não conseguiu entregar.

Alepe

No caso da relação com o Legislativo, o Palácio, finalmente, conseguiu encontrar um caminho. Nos bastidores, estão sendo percebidas aproximações espontâneas de deputados que vão sendo convencidos pelos prefeitos das cidades em que eles tiveram votação em 2022.

Apesar dos esperneios fisiológicos disfarçados de independência, no fim das contas todo mundo precisa de votos para se eleger. E os prefeitos têm esses votos para entregar.

Como estão de bem com o Palácio, recebendo recursos para investirem na cidade, os gestores municipais acabam influenciando naturalmente os deputados.

E a comunicação?

Se antes não havia o que divulgar, agora já começa a ter como mostrar algumas dessas realizações. O problema é uma tendência para a excessiva formalidade nos discursos, que algumas gestões públicas ainda carregam, com propaganda que parece um reclame de jornal dos anos 1980 e não consegue chamar atenção do público. Os tempos são outros. É preciso contar boas histórias para divulgar o que vem sendo feito de positivo.

Ou as pessoas pagam o IPVA com desconto, pagam passagem mais barata e nem percebem que algo mudou.

Lula ajudando

Uma coisa que Lula pode ter demorado a perceber é que suas declarações contra a ação de Israel em Gaza atingem a imagem de Netanyahu internacionalmente, mas acabam fortalecendo ele com o público interno, onde ele vinha mal. A popularidade do primeiro-ministro israelense é ruim e era certo que ele não seria reconduzido ao cargo.

Os ataques de Lula deram a ele a oportunidade de unir as pessoas em sua volta.

Bibi agradece

Os sinais de que a briga com o presidente brasileiro é boa para ele estão nas atitudes do governo israelense após o episódio. O próprio Netanyahu está mandando que seus auxiliares escalem a briga mesmo quando o Brasil já tinha resolvido não inflamar mais.

Convocaram o embaixador brasileiro para constragê-lo no Museu do Holocausto, falaram em “cuspe na cara”, declararam Lula “Persona non Grata” e seguem alimentando a fogueira todos os dias, exigindo desculpas. Ao criticar, Lula está na verdade ajudando o governo que o PT reclama que é de “extrema-direita”.

A bobagem do presidente brasileiro virou cabo eleitoral de “Bibi”, como Netanyahu é conhecido.

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