O imposto sobre os super-ricos proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), é o típico caso de subterfúgio estúpido para incompetência incurável. É difícil encontrar países que defendem isso, por vários motivos. Um deles é que é mais caro cobrar esse imposto do que cobrar o imposto de renda, por exemplo.
Algumas nações que implantaram tributação sobre grandes fortunas, conforme lembra Fernando Castilho na coluna JC Negócios de hoje, nem o fazem mais.
O honesto paga duas vezes…
E aí vem a pergunta: se é para arrecadar mais dinheiro, por que não ir atrás dos sonegadores, por que não investir para receber os impostos daqueles que deveriam pagar e não o fazem?
A resposta é, na verdade, bem simples. Cobrar de quem não paga dá trabalho, porque quem não paga esconde seus ganhos. Descobrir sonegação demanda esforço e investimento. Por ser incompetente para ir atrás dos sonegadores, o governo Lula propõe cobrar em dobro de quem não se esconde e paga suas contas com retidão.
O honesto, por estar às vistas e não ter o que omitir, é sempre o alvo mais fácil.
…pelo sonegador
O imposto sobre grandes fortunas é uma cobrança duplicada, porque o sujeito já pagou imposto sobre a renda quando ganhou o dinheiro, fruto de seu trabalho ou da atividade de sua empresa. A ideia de Haddad é que ele pague outra vez, porque ganhou mais do que o governo petista "acha que é razoável".
Mas, para que Haddad saiba quem ganhou muito ou pouco dinheiro é preciso que essa "fortuna sem razoabilidade" seja honesta e declarada. Sonegadores e corruptos, certamente não seriam atingidos, porque eles não publicam seus ganhos. Os políticos sabem bem como isso funciona.
Fechar as contas
O principal motivo para haver quem defenda isso, hoje, no governo Lula, é que está difícil fechar as contas e há uma perseguição por receitas que equilibrem as finanças da gestão.
Se for pensar bem, é até louvável que Haddad esteja preocupado com a situação fiscal do país. Preocupar-se com a preservação da boa saúde financeira do país é até um alento, num governo acostumado a tratar o dinheiro do contribuinte como um ativo maravilhoso originado da cartola de algum mágico e não do suor de uma sociedade produtiva, de trabalho e esforço do mercado.
Bilhões e tostões
Mas seria bom se o governo Lula fizesse isso dando exemplo aos brasileiros, independente de esses brasileiros serem donos de grandes fortunas, de pequenas fortunas ou de afortunados tostões. Seria bom que estivéssemos vendo o governo economizar, cortar despesas, enxugar a máquina pública.
Estamos falando de gastos que vão dos tostões aos bilhões também, e que fazem o núcleo petista se exasperar toda vez que alguém fala em controle e economia. Esse núcleo já quase entrou em guerra contra o próprio Haddad quando ele insistiu com a meta fiscal equilibrada.
Reclamavam que ele queria segurar o dinheiro, quando o partido "precisava eleger prefeitos". O discurso era o de que o déficit era "bom para desenvolver o país" e ninguém tinha que economizar. Ainda mais agora, que o partido precisa ampliar para se fortalecer.
Sim, há sempre muitos canalhas em posições de poder.
Fantasia adolescente
Cobrar impostos duas vezes sobre os mesmos ganhos, aumentar tributação, defendendo justiça social como se fosse uma fantasia adolescente, sem conseguir combater os sonegadores, os corruptos e sem conseguir respeitar o contribuinte nem na hora de usar o dinheiro dele para interesses pessoais e partidários, é mais do que desrespeitoso com os brasileiros. É escandaloso, é insensato e imoral.
Por incrível que pareça, não surpreende num país que reveza péssimas opções como presidentes há mais de duas décadas.
Ainda Bivar
O deputado pernambucano Luciano Bivar (UB) tentou resistir, buscou cancelar a reunião que escolheria um novo comando para o partido, mas terminou perdendo a presidência do União Brasil. O grupo que já estava pronto para iniciar a votação cancelou o cancelamento.
O grupo de Bivar, no bastidor, promete reagir, mas o fato é que há poucas chances de ele recuperar o posto.
Como vem eleição de Mesa Diretora da Câmara por aí, no início do ano que vem, é possível que ele acabe perdendo também o espaço que ocupa na Casa, na cobiçada 1ª secretaria da Mesa.