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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Lula precisa parar de arranjar desculpas para Nicolás Maduro. Ele é adulto

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (08)

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Igor Maciel

Publicado em 07/03/2024 às 20:00
Lula e Nicolás Maduro
Lula e Nicolás Maduro - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A amizade com o presidente venezuelano Nicolás Maduro acaba obrigando o presidente do Brasil a parecer um projeto de ditador mal acabado, ao invés de um estadista defensor do Estado de Direito e dos preceitos democráticos, como deveria ser.

Relativo

Primeiro foi quando Maduro visitou o Brasil. Receber um ditador com honras de chefe de estado já era questionável, mas receber um autocrata dentro de um país no qual há instituições livres como a imprensa acaba gerando constrangimentos.

Por exemplo, algum repórter pode acabar perguntando se Lula acredita que há democracia no país vizinho. O presidente, então, saiu-se com “a democracia é algo relativo para você e para mim”. Aconteceu em junho de 2023.

Máximo possível

Agora, após o anúncio de que haverá eleição na Venezuela, embora a principal opositora de Maduro tenha sido impedida de concorrer, Lula soltou mais uma de suas pérolas sobre o regime democrático esta semana: “A pergunta de vocês é se as eleições serão honestas ou não. Eu espero que sejam as mais democráticas possíveis”.

Einstein

Parece uma frase dita até com boa intenção por Lula. Pode até ter havido boa intenção mesmo. Mas está errado, outra vez.

Certo dia, pediram a Albert Einstein para explicar em termos leigos a Teoria da Relatividade Geral. “Quando você está com sua namorada, uma hora parece um minuto. Quando você está sentado em um formigueiro, um minuto parece uma hora”, respondeu ele.

A democracia não pode ser relativa, porque ela precisa ter a mesma medida para todos os que vivem sob sua coberta.

Não pode ser uma para quem está namorando e outra para quem está no formigueiro.

Para todos

Democracia pressupõe equilíbrio entre direitos e deveres, liberdades individuais e coletivas amplas, além de elementos que garantam a possibilidade de alternância constante no poder, com processos eleitorais acessíveis para eleitores e candidatos. Não adianta ter uma coisa e não ter a outra. Tem que ser o pacote completo.

Ou não é democracia, é remendo com viés autoritário.

Ditadores

Não existe o “máximo possível de democracia”, com todo o respeito à boa intenção (se há mesmo) de Lula, porque não existe 70% de democracia ou 85% de democracia. Tem que ser 100% ou acaba sendo outra coisa.

No caso de Nicolás Maduro, da Venezuela, Daniel Ortega, da Nicarágua e Vladimir Putin, na Rússia, todos já defendidos ocasionalmente por Lula, estamos falando de autocracias com elementos claros de uma ditadura.

Ele é adulto

E, honestamente, seria bom se Lula parasse de procurar desculpas para Maduro como um pai que não consegue admitir os malfeitos do filho.

Ele é adulto, são e parece apresentar todos os requisitos mentais para entender as consequências de suas ações, até onde se sabe. Deixe que ele se explique sozinho.

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