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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

A sinceridade do ministro Fernando Haddad e o dilema do prefeito João Campos

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (10)

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Igor Maciel

Publicado em 09/04/2024 às 20:00
O ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Pense um pouco e responda, de quem você acha que é esse pensamento: “Nós tivemos 10 anos de irresponsabilidade fiscal com baixíssimo crescimento. O gasto não produziu os efeitos pretendidos… Nós temos que virar essa página. A página da confusão durou 10 anos. Nós temos que virar. Entender que ali foi um erro, que a classe política, a elite intelectual do país, a elite econômica do país, têm que prestar conta desses 10 anos. E a melhor maneira de fazer é reorganizar, é reconstruir o Brasil”.

Se você acha que essa reflexão é de qualquer pessoa, menos de alguém filiado ao PT, errou. Foi o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) quem declarou isso, há alguns dias, em uma emissora de TV.

Mesma caixa

Surpreende porque desses 10 anos, tomando como referencial final o ano de 2022, apenas seis são referentes a Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB), que costumam ser os culpados preferenciais para quando o PT não quer assumir suas responsabilidades.

Haddad colocou Dilma Rousseff (PT) na mesma caixa da irresponsabilidade fiscal.

Pra ser justo

O que ele não diz, e nem dirá. É que Dilma foi a maior e quase a única protagonista dessa tragédia. Temer, para ser justo, foi quem estancou o fluxo do caos. O emedebista foi uma pausa importante na desgraça fiscal que gerou a crise econômica em que o país se meteu e não pode ser esquecido. A gestão Bolsonaro voltou a desorganizar tudo, mudando só o polo dos gastos.

Mantega

Também não se pode esquecer, se Haddad quiser ser ainda mais justo, que um dos principais causadores de todos os males econômicos destes 10 anos atende pelo nome de Guido Mantega.

E é ele que Lula (PT) tenta reabilitar há meses, procurando um cargo no governo do qual o ministro da Fazenda atual também faz parte.

Dilema

Ao filiar secretários em partidos aliados, ainda mais aqueles que se comenta serem os preferidos para compor uma chapa pela reeleição, o prefeito do Recife queria ter opções para o caso de não haver acordo com o PT sobre a vice na majoritária.

João Campos (PSB) acendeu um alerta entre os petistas de Pernambuco porque os próprios petistas sabem que não são imprescindíveis para a vitória.

Mas o que está em jogo não é apenas a eleição do Recife em 2024. E esse é o dilema do prefeito.

Fatores externos

O PSB e o PT têm relação em várias outras cidades do estado, importantes para um voo mais alto de Campos em 2026, por exemplo. O PSB quer empenho do PT em São Paulo no caso de Tábata Amaral (PSB) crescer ao ponto de ultrapassar Guilherme Boulos (PSOL) que anda derretendo nas pesquisas.

Presidencial

Além disso, se quiserem manter a parceria nacional atual em 2026, com um socialista ocupando a vice de Lula, o PSB terá que oferecer alguma reciprocidade desde agora. Os socialistas têm uma bancada pequena na Câmara e agregam pouco à base do governo, é preciso compensar cedendo aos petistas em outras frentes. O PSB pode chegar ao ponto de se tornar dispensável na próxima eleição presidencial.

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