Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras existe dinheiro público? Não é bem assim. O vazio popular durante o evento no dia 1° de maio, com a presença de Lula (PT), é uma prova disso.
Porque nem o patrocínio da Petrobras e a ajuda da Lei Rouanet conseguiram arrastar algo nem próximo a uma multidão para escutar o discurso do presidente da República.
A verdade é que o PT ainda não caiu em si e nunca entendeu de verdade o discurso do cantor Mano Brown, durante a eleição de 2018.
O rapper
Naquela época, quando Bolsonaro já era uma surpresa eleitoral, os petistas ainda viajavam alto na possibilidade de virar o jogo contra o adversário, contra todas as pesquisas.
Num comício do candidato petista da época, o hoje ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), o rapper Mano Brown pegou o microfone e descascou o partido do qual fazia parte: “Se não está conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo. Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que não está aqui que deveria ser conquistada", disparou.
Procure saber
Brown foi além: “Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo, tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber”. O cantor acabou vaiado pelos militantes que estavam no local, chateou-se e deixou o palco.
O PT perdeu aquela eleição exatamente do jeito que o artista avisou e pelos erros que estavam em seu alerta.
Vale
Seis anos depois, os petistas acreditaram que estavam absolvidos do pecado de não entender a realidade em sua volta, e isso só porque venceram uma eleição presidencial.
Pois, se quisessem evoluir, deveriam pegar uma pequena parte do que gastaram com o evento do dia 1° de maio e contratar Mano Brown como conselheiro.
O discurso dele, do vale imenso que existe entre a realidade do Brasil e a que o PT acredita ser real, continua válido.
Parados no tempo
Os atos do governo Lula, e o comportamento dos petistas que o rodeiam, dizem respeito a uma realidade que não existe mais.
O PT é como aquela tia idosa relutante que age como adolescente, põe uma roupa decotada para sair à noite com os sobrinhos e chega à pista de música eletrônica perguntando a que horas vão tocar Roberto Carlos.
Volta Brown
O PT é um partido que ainda acredita nas centrais sindicais para arrastar multidões apaixonadas pelo ex-sindicalista Lula a ouvirem seu discurso, como se disso dependessem suas vidas.
O PT não entende o novo formato das relações de trabalho no Brasil e no mundo, não entende o desencanto do movimento sindical e nem o tanto que os escândalos de corrupção arranharam a sua própria imagem.
Chamem o Mano Brown de volta, porque ninguém entendeu, até hoje, o que ele falou.
Padilha no Recife
Por falar em não entender a realidade, o ministro da Articulação do governo Lula, Alexandre Padilha (PT) deu uma passada pelo Recife para participar de um evento com a prefeitura.
Suas falas demonstram que não há nenhum indício de que o PT desistiu de postular a vice de João Campos (PSB). Falou sobre a histórica parceria entre seu partido e o dos socialistas, falou de Eduardo Campos e disse que os petistas devem entrar num consenso para apresentar um nome único ao PSB.
Ideia fixa
Um dos nomes que podem ser indicados pelo PT para a vice de Campos é o de Mozart Sales, que é assessor do próprio ministro Padilha. Ele disputa o espaço com o deputado federal Carlos Veras (PT).
A insistência em ter a vice do atual prefeito na reeleição é mais um exemplo da dificuldade petista para entender a realidade. Para João Campos é bom ter Lula no palanque, mas com a vantagem que o socialista já possui isso não define a disputa.
PSD
Um remanescente do PSD, ligado a André de Paula, que ainda integrava a prefeitura do Recife, deixou o posto esta semana. José Neves (PSD), que atuava como assessor especial no governo municipal, pediu sua exoneração.
Neves já foi presidente do Santa Cruz. Ele também já foi vereador do Recife por quatro mandatos e secretário de Meio Ambiente do Recife.
A informação, no entanto, é de que ele não será candidato a vereador, como já se especulou.
O PSD, do qual Neves faz parte, passou a integrar o governo Raquel Lyra há alguns meses.