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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O PT não sabe o que vai entregar e João Campos não quer pagar pra ver

Em 2026, Lula já subirá no palanque do PSB. Mas também estará no palanque de Raquel. O PT está prometendo Lula, mas não sabe o que vai entregar.

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Igor Maciel

Publicado em 28/06/2024 às 20:00
Presidente Lula (PT) e prefeito do Recife João Campos (PSB) em encontro no Palácio do Planalto - RICARDO STUCKERT/DIVULGAÇÃO

Na estratégia de constranger João Campos (PSB), enquanto finge ser compreensivo com o bom momento do aliado, o PT afunilou a indicação do vice imaginário para o socialista. O deputado federal Carlos Veras (PT) desistiu da disputa e Mozart Sales (PT) será o nome do partido.

Em casa

E, ao mesmo tempo, os petistas anunciaram uma nova visita de Lula (PT) para os próximos dias. O “não” do prefeito socialista terá que ser dado em terras pernambucanas, perto da militância petista.

A negativa que já foi dada em gabinete a Lula e a Gleisi Hoffmann, em Brasília, “não contou”.

Unidade

É verdade que o PT também estava devendo unidade. Exigir um espaço para o qual nem eles tinham certeza de quem estavam indicando tornava a situação meio patética.

Agora o desafio é conseguir o espaço (improvável) com o nome de alguém que muitos recifenses mais novos nem sabiam que existia.

Mozart trabalhou no governo Dilma, é médico e apresenta-se como um dos criadores do “Mais Médicos”, mas passou os últimos 10 anos fora de qualquer holofote.

E essa nem é a dificuldade primeira. O pior mesmo é que João pretende sair candidato em 2026 e não quer entregar a prefeitura ao PT. E ponto.

Argumento petista

O argumento principal para a insistência petista é que a vice dada ao PT agora garantiria um apoio de Lula à ideia de João Campos ser candidato ao governo em 2026.

Mas, para Campos isso é como apostar todas as suas economias, anos antes, num “cavalo” que ninguém sabe como estará no dia da corrida. Nada indica, hoje, que Lula terá em 2026 o mesmo poder de influência que tem hoje. O PT promete algo que não sabe se vai entregar.

Duplo palanque

A economia não vai bem e, dependendo do adversário, o atual presidente pode nem ser um franco favorito à eleição presidencial.

E, o principal problema, Lula tem dito que precisará de todos os palanques possíveis nos estados e todo mundo sabe da aproximação dele com Raquel Lyra (PSDB).

Em 2026, provavelmente, Lula já subirá mesmo no palanque do PSB. Mas também estará no palanque de Raquel. O PT está prometendo Lula, mas não sabe o que vai entregar.

O Quinto

A eleição da OAB e a escolha do próximo desembargador ou desembargadora do Tribunal de Justiça de Pernambuco estão mexendo com a classe dos advogados em Pernambuco.

A formação da lista sêxtupla para o chamado Quinto Constitucional, que leva as sugestões para a escolha da governadora Raquel Lyra (PSDB), tem colocado grupos aliados dentro da própria OAB em rota de colisão.

O problema é que se há consenso entre os advogados que se agrupam entre situação e oposição no caso da eleição da Ordem, para a lista sêxtupla entram outros fatores, até de política partidária externa.

Aliados e…

Nomes ligados ao PSB, por exemplo, têm sido vistos com preocupação, porque podem não ser escolhidos pela governadora.

Para alguns, a influência dos socialistas em indicações anteriores, por causa dos anos que o PSB passou no poder estadual, é um fator que não ajuda o Palácio atualmente. Reforçar essa suposta tendência seria um contrassenso.

Por causa disso, surgem estratégias que vão desde evitar nomes de advogados e advogadas ligados ao PSB e chegam até a ideia de colocar apenas nomes ligados ao PSB, limitando a escolha de Raquel e a “obrigando” a escolher um socialista.

…adversários

Dentro desses planos, há quem trabalhe com a certeza de que a governadora vai escolher uma mulher, reforçando o discurso de valorização feminina no poder.

Não estão considerando que Raquel não costuma gostar de ser pressionada e não costuma aceitar certos tipos de condução. Se entender que isso está acontecendo, a chefe do Executivo pode acabar surpreendendo.

As críticas por “não valorizar as mulheres” ou por "desrespeitar os advogados" podem durar bem menos do que a dor de cabeça com um nome ligado ao PSB.

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