Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já não aguentava perder a disputa por manchetes com o presidente, com suas declarações à saída do Palácio Alvorada, na grade, com o governador paulista, ao meio-dia, e o ministro da Saúde no fim da tarde, sobre coronavírus. Morto de inveja, criou uma coletiva diária para chamar de sua, na hora do almoço, sem coincidir com qualquer outra. Ali distribui recados e ameaças e faz pose de “primeiro-ministro”, projeto de vida que ele já confessou a esta coluna. Nas coletivas, Maia dribla temas incômodos, com a tara por jatinhos da FAB, e joga para a plateia à espera de aplausos sempre insuficientes.
Com sua presidência na reta final, Maia tenta evitar o “cafezinho servido frio”, fazendo exibições de poder como engavetar projetos importantes.
Para retaliar Bolsonaro, que conversa com o “blocão”, Maia descartou o projeto Mansueto e inventou outro que agrava o rombo no Tesouro.
Um ministro-general diz que o presidente quer manter relação respeitosa, mas sem dar muita bola a Maia: “Ele prefere se preocupar com o futuro”.
Um dos estados mais afetados pelo coronavírus e com recursos públicos escassos para combater a pandemia, o Amazonas dá mais importância ao passado que ao presente e futuro: pagou dívidas de quase R$ 750 milhões, cerca de 60% do previsto para o ano inteiro. Parlamentares apontam o vice-governador Carlos Almeida Filho, eminência parda do governo, como o responsável pela opção por pagar dívidas antigas em vez de investir em respiradores e máscaras de proteção ao Covid19.
Deputados locais estranham o pagamento, feito após o governador Wilson Lima pedir a eles o reconhecimento do estado de calamidade.
O valor gasto com dívidas que poderiam ser pagas ao longo de todo o ano seria suficiente para comprar 15 mil respiradores, pagando caro.
Em vez disso, sem recursos, a população amazonense precisou se contentar com os 15 aparelhos enviados pelo Ministério da Saúde.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) até parece entidade de defesa dos interesses de distribuidores. Mantém o cartório que criou para esses atravessadores, negando a produtores e postos de combustíveis o direito à livre concorrência, previsto na Constituição. Muito, muito estranho.
É preciso resolver o hoje pensando no amanhã” Senador Arolde Oliveira sobre o “dilema” Saúde vs. Economia, na crise do Covid19.
Com dependências da Câmara vazia, nos últimos dias, o único deputado que chega cedo para cuidar das pautas do dia foi Hildo Rocha (MDB-MA). Primeiro a chegar e último a sair.
Habituado a ditar regras, o presidente da Câmara, deveria dar uma olhada em seu próprio terreiro, zelar para que os recipientes com álcool gel, sempre vazios, fossem mantidos abastecidos.