As suspeitas de corrupção na compra de respiradores e materiais contra covid-19 no Rio de Janeiro, de fato graves, parecem coisa para Juizado de Pequenas Causas quando comparadas à prefeitura do Recife, do PSB. Apesar disso, o governador fluminense Wilson Witzel enfrenta processo de impeachment, enquanto o prefeito Geraldo Julio, que manda em 30 dos 44 vereadores do Recife, nem sequer é incomodado com uma simples fiscalização pela Câmara Municipal. CPI, então, nem pensar.
O Recife é única capital a receber duas operações da Polícia Federal em menos de um mês, contra corrupção em compras para combate à covid.
Em 28 de maio, a PF investigou no Recife compras sem licitação de R$ 11 milhões em respiradores que seriam usados em porcos.
Terça (17), a PF voltou ao Recife investigando empresa suspeita à qual a prefeitura do Recife deu 14 contratos sem licitação de R$ 81 milhões.
Jair Bolsonaro percebeu logo cedo, ontem, que fechar a boca era a melhor maneira de enfrentar o desgaste da prisão do vigarista Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, a quem pertence o problema. O próprio presidente deixou claro em 23 de janeiro do ano passado, durante entrevista no Fórum Econômico de Davos. “Se, por acaso, ele (Flávio) errou e isso ficar provado, eu lamento como pai, mas ele vai ter que pagar o preço por essas ações que não podemos aceitar”. Aquela declaração de Bolsonaro à Bloomberg, em Davos, foi citada pelos próprios auxiliares para convencer o presidente a evitar polêmica. Queiroz é acusado de recolher parte dos salários dos assessores do gabinete então deputado Flávio Bolsonaro em esquema de “rachadinha”. Ninguém parece ter muitas dúvidas de que Queiroz agiu a mando ou sob autorização do chefe deputado, na prática do crime de peculato.
O diplomata Flávio Sapha, querido entre os colegas, é o novo diretor de Comunicação Social do Itamaraty. É filho e neto de embaixadores. O ex, João Alfredo dos Anjos Junior, assumiu a Secretaria de Ásia e Pacífico.
A novidade da demissão de Weintraub do Ministério da Educação acabou ajudando a dividir as manchetes com o caso Queiroz.
Morar em Washington, sede do Banco Mundial, e ganhando em dólares o equivalente a R$ 112 mil mensais, Abraham Weintraub terá a chance de manter intermináveis tertúlias com Olavo de Carvalho, que vive perto.
Moro e Weintraub têm algo em comum: a quarentena. Nada com a pandemia, mas com a regra que lhes garante por alguns meses, sem trabalhar, os salários de ministro até assumir outro emprego.
A presença de Weintraub tinha o significado ruim para o governo Bolsonaro. Era uma espécie de midas às avessas: tudo o que tocava acabava virando imprestável.
Não sou advogado do Queiroz e não estou envolvido nesse processo”. Presidente Jair Bolsonaro comenta a prisão do ex-assessor do filho Flávio Bolsonaro
A estranha decisão de proibir que Fabrício Queiroz fosse levado para um presídio de ex-policiais, no Rio, acabou expondo o preso a penitenciária intolerante com os ex-integrantes das forças de segurança.
Nesta quinta, foram audíveis os suspiros e expressões de alívio, no Planalto, em razão da saída de Abraham Weintraub do governo. A demissão do ministro foi adiantada nesta coluna na terça (16).