Bagagem: se passar gratuidade, será vetada

Se depender de quem aconselha o presidente sobre o assunto, o projeto que ressuscita a gratuidade de bagagens vai morrer novamente. Integrantes do governo são sensíveis ao lobby das empresas aéreas
Cláudio Humberto
Publicado em 10/05/2022 às 9:56
O programa que anunciou passagens aéreas por R$ 200 trouxe a euforia de uns, mas o questionamento de outros Foto: Divulgação


O projeto aprovado na Câmara restabelecendo o despacho gratuito de bagagens em viagens aéreas tem tudo para virar repeteco do ocorrido em 2019, e voltar a ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro. No início do mandato, ele baixou medida provisória, como neste ano, alterando regras para o setor aéreo. Na ocasião, os deputados incluíram o fim da cobrança por bagagens. O Senado também aprovou, mas a medida foi vetada quando chegou ao Palácio do Planalto para sanção presidencial.

Se depender de quem aconselha o presidente sobre o assunto, o projeto que ressuscita a gratuidade de bagagens vai morrer novamente. Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Governo) e o secretário de Aviação, Ronei Glanzman, são sensíveis ao lobby das empresas aéreas. A Anac, agência “reguladora” da aviação civil, reproduz o discurso falacioso das companhias aéreas contra o despacho gratuito. A Anac e as empresas prometerem, em 2016, que a cobrança por malas reduziria o preço de passagens. Era mentira. Triplicou, desde então.

Diesel no Brasil destoa

O aumento do diesel nas refinarias anunciado pela Petrobras como um “ajuste aos preços internacionais” mostra que a estatal segue explorando os brasileiros para auferir lucros exorbitantes. Comparado com países que têm produção de petróleo ou extensão territorial semelhantes, o Brasil destoa com preços sempre muito acima da média. É o caso dos Emirados Árabes, EUA e China, todos praticam preços menores. No Texas (EUA), por exemplo, o valor médio do litro de diesel de 30 dias é R$ 6,51. Na China, o valor do litro sai na bomba por R$ 6,19. O anúncio, dois dias úteis após o presidente pedir por favor para que a Petrobras não aumentasse os preços, foi visto como pura retaliação.

Lacrolândia

Após meses de silêncio e omissão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, retomou a lacração diária contra o governo em declarações ou posts nas redes sociais, com insinuações e indiretas. Bem ao seu estilo.

Hipocrisia

Décio Odeone, ex-ANP, disse ontem que só merece “elogios” o lucro indecente de R$ 44,5 bilhões da Petrobras nos três primeiros 90 dias de 2022, 3.718% maior que em 2021. Em resumo: a Petrobras está ferrando você e arrebentando a economia brasileira, mas é para o seu bem.

Peçonha

A Secretaria de Saúde do DF registrou este ano cerca de 800 casos (em 2021 foram 2.595) de pessoas atingidas animais peçonhentos. Quanto aos casos registradas no Congresso, os animais passam bem.

Goleada

A discutir no Senado o desempate em uma votação de 30x30, terça (3), o Líder do Governo, Eduardo Gomes (MDB-TO), disse não se importar com placar por um voto: “Nós, botafoguenses, estamos habituados a goleadas de 1x0”. No domingo, o Fogão golearia o Flamengo por 1x0.

Aposta

No Maranhão, o dono do PL, Valdemar da Costa Neto, aposta fichas em Dr. Julinho, prefeito de São José de Ribamar. O município tem fama de pagar o maior salário do país
a professores da rede municipal.

Ele mesmo

Filho do ditador Ferdinand e da dona de 3 mil pares de sapatos Imelda Marcos, Bongbong Marcos, agora presidente filipino, já estrelou filme em que interpreta ele
mesmo: Iginuhit ng Tadhana, ‘desenhado pelo destino’.

Frase

"É o que falta para o Brasil receber investimentos de fora". Paulo Guedes (Economia) sobre reforma do IR para taxar super-ricos e aliviar empresas

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claudio humberto Coluna Política companhia aérea
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