A nova gasolina que começa a ser vendida nos postos do Brasil a partir desta segunda-feira (3), terá um padrão de qualidade maior, se comparada com a que é vendida atualmente. Além disso, será mais difícil de ser adulterada e pode proporcionar um ganho de desempenho e economia nos veículos em torno de 5%, mas apenas nos motores mais modernos. O novo combustível também pode custar um pouco mais caro.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estipulou que as distribuidoras terão até 60 dias para esgotarem os estoques da gasolina antiga. O prazo para os postos é de 90 dias. A partir daí, começa a fiscalização da ANP, que vai cobrar os novos padrões de formulação do combustível. A nova gasolina será vendida nas mesmas versões da atual: comum, aditivada e premium.
Para o presidente do sindicato que reúne os donos de postos de combustíveis do Estado (Sindcombustíveis-PE) Alfredo Pinheiro Ramos, mesmo a nova gasolina não estando ainda em todos os postos na segunda-feira, por conta dos estoques, poderá haver aumento de preço nas distribuidoras, já que o mercado é livre para fixar valores. Mas Ramos também acredita que a concorrência entre os postos pode fazer com que muitos comerciantes absorvam o aumento e o preço não mude para o consumidor, pelo menos por enquanto.
“A disputa pelo cliente é muito grande entre os postos e nós ainda não nos recuperamos da queda nas vendas com o isolamento social. Quem puder, não vai repassar o aumento”. O presidente do Sindcombustíveis-PE disse ainda que entre os meses de março e junho as vendas chegaram a cair 50% e agora o movimento médio nos postos está em 75% do que era antes da pandemia. O preço médio do litro da gasolina comum em Pernambuco, segundo a ANP, está em R$ 4,262.
Para o professor Florival Carvalho, coordenador do laboratório de combustíveis da UFPE, a nova gasolina trará benefícios para o consumidor. O professor explica que as mudanças na formulação do combustível se dão basicamente no aumento da densidade, ou “peso” do combustível, na octanagem, que tem a ver com a energia gerada na queima, e no índice de vaporização. “Com o aumento da densidade será possível obter mais energia com a mesma quantidade de combustível, consequentemente, o motorista vai conseguir rodar mais”, simplifica o professor. Haverá também uma melhoria na dirigibilidade, sem “engasgos” do motor e maior dificuldade em adulterar o produto por conta de suas características físico químicas.
Uma modificação importante, diz o especialista, é o aumento da octanagem da gasolina, que pode ser explicado como o índice que mede a resistência do combustível a pressão resultante da queima no motor. Quanto mais resistência à pressão, melhor desempenho. Hoje o índice da gasolina comum está em torno de 87 octanas, e vai passar para 93, a mesma da gasolina do tipo premium. Esta gasolina especial, por sua vez, passará a ter 97 octanas, obrigatoriamente.
“Nossa gasolina vai se assemelhar em padrão de qualidade a gasolina média vendida nos Estados Unidos. Pelo preço que pagamos aqui o custo-benefício da nossa gasolina será excelente”. Florival Carvalho estima que, com a melhoria no desempenho dos motores, o motorista vai acabar ganhando em economia de combustível.
Para o consultor técnico automotivo Alexandre Costa, esta economia deve ficar em torno de 4% a 6%, “o que já é muita coisa”, ele diz. Mas Costa firma que nem todos irão se beneficiar. “Os motores mais modernos, utilizados nos carros nos últimos cinco anos, principalmente os dotados de turbocompressor e injeção direta, farão melhor aproveitamento dessa nova gasolina. Já o efeito em um carro com 15 ou20 anos de uso é quase nenhum”.
O consultor chama atenção ainda para outros fatores que influenciam no consumo. “Ter a manutenção do carro em dia e dirigir de maneira equilibrada também é importante para economizar combustível. A gasolina sozinha não vai fazer milagres”, concluiu.