Você pode estar pagando até R$ 1 mil por ano em tarifas bancárias sem perceber

Levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), aponta que tarifas bancárias tiveram reajuste três vezes superior a inflação oficial. Bancos públicos aumentaram preço do serviço presencial de transferência bancária em mais de 300%
Edilson Vieira
Publicado em 11/08/2020 às 20:48
Os brasileiros fizeram um volume de renegociações de adiamento de pagamentos maior em volume que as empresas durante a crise da covid-19. Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL


Um correntista médio brasileiro pode gastar até um salário mínimo (R$ 1.045) por ano com o pagamento de tarifas bancárias, sem nem perceber. Esta foi uma das conclusões da pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com os seis maiores bancos do País (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú, Santander e Safra).

O Idec constatou ainda que o reajuste médio das tarifas, entre maio de 2019 e junho de 2020, superou em três vezes a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mesmo período. Segundo o Idec, os pacotes de serviços bancários subiram, em média, 6%. Já as tarifas avulsas tiveram alta de 5,1%, enquanto o IPCA ficou em 1,88%.

Para a economista do Idec e responsável pela pesquisa, Ione Amorim, os serviços cobrados pelos bancos são caros, e os reajustes abusivos. "Desde que o Idec começou a pesquisa de tarifas bancárias, em 2009, constatamos que as instituições aumentaram tanto a quantidade de serviços como reajustam as tarifas sempre acima da inflação. Este ano não foi diferente", apontou Ione Amorim. Os seis maiores bancos do País oferecem, juntos, 75 pacotes de serviços e 45 tarifas avulsas o que, muitas vezes, acaba confundido o correntista na hora de contratar o serviço.

PÚBLICOS

Um outro dado chamou a atenção na pesquisa. Os dois bancos públicos reajustaram o preço da transferência entre contas da mesma instituição feita de forma presencial em até 393%. Segundo o Idec, na Caixa, a operação passou de R$ 1,40 para R$ 6,90; e no Banco do Brasil,de R$ 1,95 para R$ 6,85. "Isso é uma falta de empatia e um desrespeito com os consumidores, especialmente os mais vulneráveis que dependem mais das operações presenciais", afirmou a economista.

O Idec chegou a notificar o Banco Central sobre o resultado da pesquisa e a resposta do Banco Central, segundo o Instituto, é de que os valores praticados pelos bancos são estabelecidos pelo mercado, baseado na livre concorrência. "Acontece que, no mercado, quando se quer preservar o preço real de um bem você aplica o índice de inflação, fica difícil reajustar um preço três vezes acima da inflação e usar esse argumento", questionou a economista.

BANCOS

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou através de nota que "para reduzir os gastos com tarifas, recomenda que os clientes avaliem se o pacote de serviços contratado é o mais adequado para o seu perfil. Desta forma, é possível evitar a contração de um pacote mais caro, com itens que o consumidor não utiliza, ou a contratação de um pacote que não atenda suas necessidades, o que o levaria a gastar mais com o pagamento de itens avulsos, como DOCs e TEDs". A Febraban informou ainda que através do site www.febraban-star.org.br, é possível fazer consultas, pesquisas e comparações das tarifas de produtos e serviços cobradas pelos bancos.

BÁSICO

Já o Idec orienta para que os consumidores fiquem atentos às cobranças de tarifas nos extratos. "As cobranças são automáticas na conta, o que facilita a ausência de controle por parte do consumidor e possibilita a prática abusiva", diz Ione Amorim.

Outra sugestão do Idec é que os correntistas pesquisem sobre os bancos digitais e fintechs, que prestam muito serviços de forma gratuita. Já para quem optar por se manter correntista nos bancos tradicionais, é possível converter as contas para os serviços essenciais, uma modalidade de conta gratuita, que garante ao consumidor a movimentação bancária com direito ao cartão de débito, além de mensalmente quatro operações de saque, dois extratos bancários, duas transferências e consultas ao Internet banking e aplicativo pelo celular.

 

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