Segue a escalada da Taxa Selic, entenda melhor

Uma constante nos últimos meses, e esta semana tivemos mais uma alta da taxa Selic, que tomou conta das manchetes nos meios de comunicação nos últimos dias
Leandro Trajano
Publicado em 23/06/2022 às 6:00
Taxa Selic Foto: THIAGO LUCAS/ ARTES JC


Uma constante nos últimos meses, e esta semana tivemos mais uma alta da taxa Selic, que tomou conta das manchetes nos meios de comunicação nos últimos dias. Para a nossa abordagem aqui, é importante você saber o que é a taxa Selic e o que a alta constante dela impacta a economia do nosso país e sobretudo o seu dia a dia, por isso começo te dando clareza nesse sentido.

Indo direto ao ponto, a taxa Selic é a taxa básica de juros do nosso país. Ela serve de referência para diversos tipos de empréstimos, financiamentos e até mesmo para os investimentos, em especial os de renda fixa, que são atrelados em sua maioria ao CDI, que historicamente acompanha de perto a Selic, sendo 0,1% menos do que ela.

A taxa Selic aparece entre as principais notícias a cada 45 dias, que é o intervalo em que o COPOM (Comitê de Política Monetária) se reúne para decidir se ela ficará no mesmo patamar ou se terá algum ajuste para cima ou para baixo.

Sendo a Selic, o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, isso resume de forma simples o objetivo maior da taxa Selic. E isso já explica também o porquê da nova alta da taxa: a inflação disparou nos últimos anos, devido a todo o contexto da pandemia que ainda traz grandes reflexos econômicos. Por isso, a taxa Selic vem subindo com o objetivo de segurar a inflação, porém, há uma corrente de economistas que segue dizendo não vale a pena termos mais aumentos na taxa Selic, o que pode ser devastador para o PIB, que impacta também o crescimento, as oportunidades e os empregos no nosso país.

Vale lembrar que durante boa parte de 2020, devido à pandemia, a taxa Selic esteve no piso histórico de 2% ao ano, mas por que ela caiu tanto naquele período?

Quem nos acompanha aqui semanalmente, já tem conhecimento disso, mas vale sempre reforçar. Naturalmente uma das principais razões para a taxa Selic tão baixa em 2020 foi a necessidade de tornar o crédito mais acessível, ou seja, o dinheiro mais barato e, dessa forma, possibilitar que mais pessoas físicas e jurídicas tomassem crédito. Ninguém iria tomar dinheiro emprestado, pagar juros, para deixar parado, não é mesmo? Esse dinheiro foi injetado na economia, seja por quem tomou empréstimo por necessidade ou por aqueles que aproveitaram a oportunidade dos juros mais baixos para realizar determinados projetos. Com isso, a economia se movimenta, o que, por sua vez, quando vemos os juros mais altos, vai na contramão disso: tomar crédito, fazer empréstimo fica menos atrativo, mais caro e, consequentemente, menos pessoas passam a ter dinheiro na mão. Movimentando menos a economia, a relação oferta x demanda dos produtos e serviços tende a cair, a inflação também, e é isso que se busca atualmente.

Com o objetivo de reduzir a inflação, a taxa básica de juros sobe, de forma que gere mais escassez no mercado e pouco a pouco derrube a inflação, procurando manter num patamar mais saudável para a nossa economia, porém isso não contribui para o crescimento da economia, dos negócios, oportunidades e empregos no país.

Com a Selic alta ou baixa, surgem oportunidades também, mas claro, isso depende dos olhos de quem vê. Entre agosto de 2020 e março de 2021, e até depois disso também, porém em menor quantidade, orientei vários clientes a renegociar a taxa de juros do financiamento imobiliário deles, o que foi totalmente possível fazer nesse período. A maioria expressiva teve êxito nesse processo, afinal, com a taxa Selic mais baixa, abriu espaço e tornou possível essa redução acontecer. Isso causa um impacto grande na projeção dos custos da operação, uma vez que se trata de um financiamento de longuíssimo prazo, na maior parte dos casos, reduzindo de forma bastante positiva o valor da parcela mensal.

E se você não aproveitou essa oportunidade, agora de fato não está nada fácil, é improvável que consiga renegociar os juros do seu financiamento imobiliário, com a taxa básica de juros, a Selic que serve como referência mais alta, a janela praticamente se fechou no momento, a possibilidade é razoável apenas para quem ainda tem uma taxa realmente muito alta no financiamento.

E nos últimos dias alguém me perguntou algo como: "então quer dizer que com o aumento da Selic os meus investimentos na renda fixa rendem mais?" Isso mesmo, é verdade. Porém, muito provavelmente com a Selic mais alta, a inflação também deve estar alta, ou seja, os investimentos rendem mais, porém você está gastando mais na prateleira do supermercado, no combustível, no dia a dia. E com base nisso, tem muitos investidores que saem ou reduzem bem a sua posição da renda variável e aumentam na fixa, pois a relação risco retorno da fixa se tornou bem atrativa.

Vale lembrar também que o Brasil não está na contramão do mundo, nos últimos dias os EUA também anunciaram aumento na taxa de juros, o que vem acontecendo também em outros países com a economia bastante sólida.

Vamos acompanhar os fatos, neste que é mais um ano de muita turbulência, eleições presidenciais, torcida para o fim sem repiques da Covid e a expectativa, a torcida por sinais de uma retomada econômica.

Abraço e até a próxima!

 

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