Inep anuncia adiamento do Enem 2020, mas sem definir novas datas

Provas previstas para novembro serão adiadas entre 30 e 60 dias, segundo o Inep. Candidatos vão participar de enquete para definir novo cronograma
Margarida Azevedo
Publicado em 20/05/2020 às 15:30
Provas no modelo digital seriam realizadas em 1º e 8 de novembro. Mais de 4,1 milhões de candidatos já se inscreveram Foto: Candidatos realizam provas três vezes, ao final de cada série do ensino médio. Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem


(Atualizada às 17h30)

As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 não serão mais realizadas em novembro. A avaliação foi adiada em até 60 dias, informa o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em nota divulgada na tarde desta quarta-feira (20). Inicialmente, as provas no modelo tradicional estavam marcadas para 1º e 8 de novembro e no formato digital para 22 e 29 de novembro.

Estava prevista a votação do adiamento do Enem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta quarta-feira. Na terça-feira (19), o Senado já havia aprovado o adiamento do exame que serve de ingresso para mais de 120 universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O Ministério da Educação (MEC) informa que os inscritos no Enem - mais de 4,1 milhão de estudantes já se inscreveram para participar da avaliação - vão escolher a melhor data para aplicação das provas, a partir de uma consulta que será opcional. Segundo o órgão, a enquete será via portal do Enem, "de forma democrática, segura e transparente", diz o ministério, por meio de nota.

MOBILIZAÇÃO

Não foi fácil convencer o governo federal a adiar o Enem. Apesar de processos judiciais e pedidos formais de diversas entidades como o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), além da cobrança de deputados e senadores, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se negava a mudar as datas.

A situação ficou insustentável terça-feira (19), quando o Senado aprovou a suspensão das provas em razão do estado de calamidade pública provocado pela pandemia. Dos 76 votos, apenas um, do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, foi contrário à proposta.

O adiamento seria votado novamente nesta quarta-feira (20), desta vez na Câmara dos Deputados. Faltavam menos de 10 minutos para o início da sessão quando o Inep e o MEC soltaram nota conjunta informando sobre o adiamento da avaliação.

Informações de bastidores são de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), teria conversado com Jair Bolsonaro na manhã desta quarta e o aconselhado a anunciar logo a postergação das provas. Assim, evitaria perder duas vezes no Legislativo federal, uma vez que a aprovação da proposta era tida como certa. Também de manhã, o ministro da Educação deu pistas do adiamento ao publicar no Twitter, na sua conta, a sugestão de que o Enem poderia ser postergado. 

À tarde, veio o anúncio de Bolsonaro, publicado em suas redes sociais. “Por causa dos efeitos da pandemia de covid-19 e para que os alunos não sejam prejudicados pela mesma (sic), decidi, juntamente com o Presidente da Câmara dos Deputados, adiar a realização do Enem 2020, com data a ser definida”, escreveu o presidente.

Veja o comunicado enviado pelo Inep sobre o adiamento das provas:

"Atento às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação dos exames nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais.

Para tanto, o Inep promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame seguem abertas até as 23h59 desta sexta-feira, 22 de maio."

 

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